quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dois helicópteros Kamov parados apesar de manutenção dizer que podem voar

Mas as aeronaves continuam paradas desde sexta-feira passada e nem o Ministério da Administração Interna nem a EMA querem falar sobre o reinício das operações dos únicos meios aéreos pesados que fazem parte do dispositivo de combate aos fogos.

Divergências entre a Heliportugal e a EMA sobre quem recairá a responsabilidade da paragem estarão na base deste impasse. Fonte oficial da Heliportugal adiantou ao PÚBLICO que a empresa informou a EMA que dois dos Kamov poderiam voar, depois do fabricante russo ter esclarecido como se conta o tempo de vida dos motores. E que estaria em condições de mudar um dos motores a uma terceira aeronave que poderia ficar em condições de voar dentro de uma semana. "Neste momento, a Heliportugal aguarda instruções do controlo da aeronavegabilidade da EMA", afirmou ontem uma fonte oficial da empresa.

A ordem para parar os aparelhos veio da Heliportugal, depois de técnicos do fabricante russo da aeronave (que vieram a Portugal ajudar a investigar o acidente ocorrido no início do mês) terem levantado dúvidas sobre a manutenção dos motores. Entretanto a Kamov confirmou, por escrito, as regras que estão em vigor para contabilizar o tempo de vida dos motores, depois de ter feito uma alteração em Abril que não terá sido levada em consideração Reparação por decidir 

Pelas contas da Heliportugal mesmo com as novas regras haveria dois helicópteros em condições de voar, apesar de um deles estar perto de atingir o limite que obriga a uma substituição do motor (enquanto se faz uma revisão geral que pode demorar cerca de 90 dias). Outros três aparelhos já teriam expirado esse limite, um dos quais não estava a voar por estar a fazer manutenção. O restante Kamov ficou danificado no acidente deste mês, não tendo ainda a EMA decidido se vai avançar com a sua reparação. Para a Heliportugal a responsabilidade por essa contagem é da EMA que controla a aeronavegabilidade dos aparelhos e dispõe de uma direcção de manutenção, que dá as orientações para aquela empresa executar as operações de manutenção. 

Mas essa não parece ser essa a posição da EMA, que apesar da insistência do PÚBLICO não respondeu a qualquer das perguntas enviadas. Antes, o Ministério da Administração Interna remetera para a Empresa de Meios Aéreos qualquer esclarecimento sobre esta questão. O PÚBLICO apurou que a EMA terá pedido autorização ao Instituto Nacional de Aviação Civil para deslocar os Kamov dos locais onde estão parados para a sua principal base operacional, em Ponte de Sôr, onde poderão ser feitas as substituições dos motores.

Neste momento, os pilotos que operavam com os helicópteros pesados estão em casa, podendo ser chamados a qualquer momento. Os dois contratos de aquisição de meios aéreos (seis Kamov 32A11BC e quatro Ecureuil SA350), que chegaram a Portugal em 2007, custaram ao Estado perto de 105,5 milhões de euros, que incluem a manutenção dos aparelhos por cinco anos. Em Junho passado, o ministro da Administração Interna e o ministro da Saúde anunciaram que os meios aéreos do Estado iam passar a ser operados por privados e que os Kamov passariam também a fazer emergência médica.

Fonte: Público