quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Liga dos Bombeiros quer mais intervenção das juntas para prevenir queimadas

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses apelou hoje a uma intervenção mais activa das juntas de freguesia na prevenção dos fogos florestais, nomeadamente na dissuasão de hábitos ancestrais como as queimadas.
O período crítico de prevenção de incêndios, que começou a 01 de Junho e termina quinta-feira, prevê várias medidas especiais de prevenção, incluindo a proibição de fazer queimadas para renovação de pastagem ou eliminação de restolho.
Duarte Caldeira concorda com o prolongamento do período crítico durante mais 15 dias, à semelhança do que aconteceu em 2008, atendendo às condições climatéricas e às temperaturas "bastante elevadas que potenciam o risco de incêndio", mas duvida que a mensagem esteja a ser assimilada.
"Falta uma mobilização de carácter local, nomeadamente um envolvimento dos órgãos autárquicos mais próximos que são as juntas de freguesia", justificou o responsável da LBP.
Mudar hábitos ancestrais associados ao uso do fogo, como é o caso das queimadas, "é muito mais difícil se não forem estabelecidas redes de confiança", mais próximas da população e com mais capacidade de sensibilização.
Duarte Caldeira sublinhou que, apesar de a fiscalização das forças de segurança "ser indispensável para assegurar o cumprimento da lei", as redes de confiança e a lógica de cidadania são "muito mais eficazes" do que a repressão e as coimas.
Actuar sobre o perfil cultural dos cidadãos "exige um trabalho muito mais continuado", adiantou.
O presidente da LBP considerou que "as freguesias são um órgão autárquico subaproveitado, em especial nas zonas do interior" e que o trabalho a nível local é essencial para diminuir o risco de incêndios: "a ideia não é eliminar estes usos, mas garantir que se façam em melhores condições".
Num balanço da época de incêndios feito no início de Outubro, as autoridades de protecção civil revelaram que, este ano, a área ardida até 30 de Setembro (77 mil hectares) foi seis vezes superior à de 2008.
Quase 70 por cento dos incêndios tiveram origem humana, 30 por cento deveram-se a causas indeterminadas e apenas um por cento a causas naturais.
A negligência foi o principal factor humano associado aos fogos (41 por cento), seguindo-se os incêndios intencionais (28 por cento).

Fonte: Lusa