quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Bombeiros portugueses temem por segurança e pedem garantias

Homicídio de mulher dentro de uma ambulância leva Liga de Bombeiros a pedir reforço da protecção policial.

Face ao homicídio de uma mulher pelo marido, domingo, dentro de uma ambulância dos bombeiros de Montemor-o-Velho, a Liga dos Bombeiros Portugueses quer ver definidas novas regras para o recurso à protecção policial.

Por entender que "estas situações são fontes de ensinamento", Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), pretende levar este assunto à reunião de hoje com o secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco. E embora esteja convencido de que o que se passou à porta da GNR de Montemor-o-Velho foi "um caso isolado", o presidente da LBP admite que "para defesa dos bombeiros, é legítimo que seja instituída uma regra de recurso às forças policiais por decisão imediata das tripulações".

Actualmente, segundo explicou ao JN Duarte Caldeira, já está previsto que os bombeiros podem pedir protecção policial sempre que identifiquem que estão perante uma situação de risco no socorro ou no transporte de feridos. Mas o que a norma prevê é que o pedido seja feito através do quartel e não pelos próprios bombeiros que estão no terreno, o que "pode levar a perdas de tempo e de eficácia no socorro", diz.

Por essa razão, e por entender que "não se pode pedir a um agente de socorro que ponha a sua vida em risco para salvar outra vida", Duarte Caldeira admite que esta alteração tem de ser equacionada. Até porque os casos de violência envolvendo terceiros "têm vindo a ser cada vez mais frequentes" e devem ser "adequadamente tratados".

O assunto também preocupa Morais Jorge, comandante dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, que ontem decidiu dar voz às suas preocupações. "Não aconteceu nada aos meus bombeiros mas podia ter acontecido. Os tiros foram disparados a dois, três metros", diz, confessando que nunca lhe passou pela cabeça que uma situação como a de domingo pudesse alguma vez ocorrer.

O responsável defende que, nos casos em que as vítimas tenham ido às autoridades apresentar queixa contra o agressor, o socorro e transporte das vítimas ao hospital seja feito com acompanhamento policial. "Isso tem de ficar tipificado na lei", diz, para que casos como o de domingo - em que o agressor perseguiu a ambulância e ameaçou os bombeiros - não se repitam.

O comandante também duvida que o seguro de acidentes pessoais que todos os bombeiros voluntários têm cubra situações de agressão em que se possam ver envolvidos ou que as indemnizações previstas na lei tenham em conta casos como este. "Nós não estamos preparados para isto. Estamos preparados para salvar pessoas, para apagar incêndios", diz, lembrando que os prémios de seguro têm por base esse ripo de riscos e não agressões envolvendo terceiros.

Ontem, a LBP começou a pedir às companhias de seguro que trabalham com as corporações de bombeiros para "clarificarem" se os seus seguros cobrem este tipo de situações e o presidente admite também pedir esclarecimentos ao Instituto de Seguros de Portugal.

Fonte: Jornal de Notícias