domingo, 28 de março de 2010

Bombeiros querem demissão da direcção da Associação


Corpo activo e direcção dos Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova não se entendem. O mal-estar vem-se sentindo desde há um ano, altura em que iniciou funções a nova direcção, presidida por Eduardo Redinha, e na sexta-feira à noite, durante a reunião para votação do relatório e contas de 2009, agudizou--se. Dizem os bombeiros que a operacionalidade pode estar em causa já a partir de amanhã. A solução, apontam, é a demissão da actual direcção.

Na reunião, o corpo activo marcou massivamente presença, com 87 dos cerca de 110 elementos que, na votação, chumbaram o relatório e contas da corporação referente ao ano 2009. A direcção, ao que o Diário de Coimbra apurou, não terá gostado da atitude dos bombeiros e terá mesmo ameaçado com cortes na gestão corrente. «Fizeram (direcção) ameaças e perante este chumbo de contas disseram que não iria haver verbas para a gestão corrente», relatou, ao Diário de Coimbra, um dos bombeiros, frisando que esta situação pode significar que não vai haver dinheiro para combustíveis para abastecer as viaturas ou para pagar ordenados. «A operacionalidade pode estar em causa», admite este elemento, que prefere não ser identificado.
Mas a “história” da reunião não se resume a este “chumbo”. Registou-se também outro “episódio” que os bombeiros criticam, designadamente a moção de censura à direcção que os soldados da paz queriam apresentar e votar, mas que, por imposição da direcção, não chegou a ser apresentada. Um documento que foi apenas lido pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, que dele não deu conhecimento, limitando-se a dizer que «iria tomar as medidas necessárias».

Questionados
procedimentos de gestão
Na moção, a que o Diário de Coimbra teve acesso, os bombeiros lembram o «ambiente de mal--estar» que se vive na corporação e que, inclusivamente, «levou o comandante Carlos Manaia a apresentar o pedido de demissão». Relatam-se acontecimentos que contribuíram para este «mal estar» e questionam alguns procedimentos de gestão, que «deveriam ser objecto de melhor apreciação», designadamente o serviço prestado por empresas privadas, todas elas, de alguma forma ou de outra, ligadas a elementos da direcção. «Parece-nos haver incumprimento de alguns requisitos da legislação em vigor sobre o regime jurídico das associações de bombeiros», lê-se no documento que não chegaria a ser apresentado.
«Há incompatibilidades entre o corpo e a direcção», reafirma um dos bombeiros que frisa ainda que na origem do problema está também uma «gestão de amealhar» da direcção que só pensa em poupar e não investir na corporação. «Há algumas carências, mas ao contrário de outras associações que sentem dificuldades, nós não é o caso», explica.
Da reunião, e tendo em conta a moção e o chumbo das contas, os bombeiros, que decidiram envergar a farda ao contrário do que é habitual, esperavam a «demissão» da direcção, o que não aconteceu. «Agora não sabemos como vai ser o dia de amanhã», conta o elemento.
O mal-estar nos bombeiros tem-se vindo a acentuar desde o início do mandato da nova direcção, há cerca de um ano.
Há cerca de um mês o comandante pediu a demissão e passagem ao quadro de honra, estando, neste momento, a corporação a ser orientada interinamente por José Augusto, até que seja nomeado novo comandante.
O Diário de Coimbra tentou, ao longo de todo o dia de ontem, falar com o presidente da direcção, mas, até ao fecho desta edição, tal não foi possível.

Fonte: Diário de Coimbra