domingo, 16 de maio de 2010

Adiamento no combate aos fogos gera polémica

Bombeiros acusam Autoridade Nacional de adiar preparação para poupar.

A decisão da Autoridade Nacional de Protecção Civil em adiar este ano o início das funções de equipas de bombeiros para o combate aos incêndios está a gerar polémica, com os profissionais a acusar o Governo de querer apenas poupar dinheiro.

É que, ao contrário dos outros anos, o Dispositivo de Combate a Fogos Florestais (Decif) não entrou em funções no dia 15 de Maio (ontem), tendo a data sido adiada para dia 1 de Junho. A decisão foi justificada com a meteorologia, mas os bombeiros contestam e sustentam que a mesma "deriva de critérios económicos". Até porque foi anunciada a subida das temperaturas e melhoria do clima. O adiamento do reforço dos bombeiros aumentou ainda a contestação nos quartéis, onde os bombeiros vão continuar a ser pagos a 1,70 € por hora de serviço.

Em causa está o adiamento da fase "Bravo", a segunda de maior risco. Num ofício enviado aos corpos de bombeiros, e a que o DN teve acesso, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) justifica o adiamento com "as previsões meteorológicas". Gil Martins, responsável máximo, garante "não haver condições de agravamento do perigo de incêndios florestais, que torne necessário o início do Decif em 15 de Maio".

Porém, a medida tem sido contestada nos quartéis e pela Liga de Bombeiros Portuguesas. "O comandante José Campos acusa a ANPC de "frustrar as expectativas dos bombeiros" e de se "furtar ao diálogo ao tomar uma decisão onde não ouviu o principal parceiro".

Também o comandante dos Bombeiros de Leiria, critica o timing da decisão. "O dispositivo tem vindo a ser preparado desde Janeiro, os bombeiros têm de conciliar as suas vidas e alterar férias. E não me parece ético que três dias antes se venha dizer que afinal já não é no dia 15", critica. Tanto que, sublinha, as condições meteorológicas já eram conhecidas" há algum tempo. E, por isso, pede ao Gil Martins que tenha "respeito pelos bombeiros".

Férias estragadas

Nos fóruns da Internet também circulam opiniões de indignação por elementos que tiraram férias dos seus empregos para assegurar as equipas de combate aos fogos e agora se vêem numa situação em que "nem formam a equipa nem regressam ao trabalho", conta um bombeiro da Figueira da Foz.

O Instituto de Meteorologia aponta para a melhoria das condições atmosféricas com subida da temperatura. Quanto ao Verão, os meteorologistas apontam para que seja "húmido e ameno, ideal para os incêndios não saírem fora de controlo".

Fonte: DN