quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bombeiros em risco de parar por falta de dinheiro

A corporação dos Bombeiros Voluntários de Santarém está em risco de suspender as operações de socorro por dificuldades de tesouraria, alertou ontem o presidente da associação humanitária, Diamantino Duarte. Em causa estão 180 mil euros em falta.

Aproveitando uma visita do deputado do PCP António Filipe ao quartel da corporação, Diamantino Duarte afirmou que a associação tem a receber cerca de 180 mil euros de dívidas e subsídios camarários em atraso e que, por isso, tem em risco a operacionalidade dos serviços.

"Vivemos o momento mais negro desde há muitos anos. Estamos com a corda na garganta e, se ficarmos muito sufocados, vamos ter de fechar portas", alertou.

Em causa, segundo Diamantino Duarte, estão mais de 30 mil euros de subsídios da Autarquia em atraso desde Outubro de 2009, e ainda uma verba de mais 30 mil euros de prestações bancárias de um empréstimo que a Câmara de Santarém assumiu e que, segundo os Voluntários, ainda não pagou ao banco.

Estão também em causa pagamentos em atraso por parte de hospitais e outras entidades afectas ao Ministério da Saúde, que respeitam a serviços prestados pela corporação no âmbito do socorro e transportes de doentes.

No entanto, Diamantino Duarte frisou que, no caso destes serviços públicos, os pagamentos estão atrasados alguns meses, "mas vão chegando e não representam uma grande preocupação".

As dificuldades de tesouraria levaram mesmo a que a associação humanitária não tenha pago a horas os salários do mês de Abril - entretanto já liquidados - a 22 funcionários da corporação, assim como as contribuições para a Segurança Social e os combustíveis consumidos neste mês, revelou o dirigente.

No total, segundo Diamantino Duarte, os Voluntários de Santarém devem cerca de 60 mil euros a fornecedores e "só por compreensão do fornecedor de combustíveis" é que as viaturas da corporação continuam a circular.

Os dirigentes da associação humanitária temem ainda que, com a chegada do mês de Junho, altura em que a corporação passa a integrar o dispositivo nacional e passa a ter mais sete operacionais a trabalhar, se agravem os problemas de tesouraria. Isto porque, nesta altura, o consumo de combustível também duplica, assim como outras despesas, disse Diamantino Duarte.

Entretanto, o presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, disse à Lusa que "a associação não tem de se preocupar com a prestação ao banco, porque essa é uma responsabilidade da Autarquia e os responsáveis da corporação só serão chamados para pagar numa situação extrema". Quanto aos subsídios, o autarca admitiu o atraso, adiantando que serão pagos "consoante as disponibilidades de tesouraria do Município".

Já quanto à possibilidade da corporação suspender os serviços de socorro, Moita Flores afirmou que "não existirá ruptura de serviços".

Fonte: JN