segunda-feira, 26 de julho de 2010

Há menos sete mil bombeiros no combate aos fogos


No terreno estiveram ontem 3100 bombeiros, 650 veículos e 50 meios aéreos para atacar chamas. Foi dos piores dias do ano.


Em Portugal há 28 mil bombeiros para combater fogos, menos sete mil que os 35 mil esperados. Ontem, com os termómetros a atingirem os 40 graus em diversos distritos do País, os incêndios dispararam e a Protecção Civil admite que pode ter sido o pior dia do ano.

Ao final da tarde eram oito os grandes fogos por circunscrever: Paredes, Castelo, Valença e Pedreira, no distrito de Viana do Castelo. Cunha Alta, em Viseu, Feira, Aveiro e Vieira do Minho, Braga. Durante o dia combateram as chamas mais de três mil bombeiros.

A Liga de Bombeiros Portugueses reconhece que em determinadas zonas do País este número fica aquém das necessidades. Na prática, enquanto em Lisboa os fogos são reforçados com centenas de efectivos, noutros distritos, como Viana do Castelo, chegam a ser sete bombeiros a combater as chamas durante horas. Ontem, dia em que as temperaturas atingiram os 40.º, estiveram no terreno 3100 homens, 650 veículos e 50 meios aéreos. Terá sido o pior dia do ano e obrigou a uma intensa mobilização de bombeiros.

Ontem, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, divulgava em Vouzela o número de bombeiros apurado no último recenseamento do Governo. "Há 28 mil bombeiros activos para fazer frente a fogos florestais e calamidades", anunciou. Uma afirmação que contraria os 35 mil bombeiros, que se supunha existirem em Portugal, e que têm sido divulgados pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Duarte Caldeira justifica a discrepância com o facto de a contagem da Liga ter incluído "bombeiros das regiões autónomas e estagiários", e refuta que haja falta de operacionais em Portugal. Mas reconhece que "em determinadas zonas do País há carências. Uma constatação que vem de encontro às preocupações da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, que tem vindo a alertar para um problema que "pode levar a falhas no combate aos fogos. Temos exemplos, em Lisboa e Porto, onde há centenas de bombeiros em falta, mas em muitas cidades do País a situação é pior", denuncia Fernando Curto.

Na prática, "enquanto em Lisboa os fogos são combatidos por 200 homens em menos de duas horas, no interior do País há incêndios que lavram durante várias horas com um número reduzido de bombeiros", salienta Curto. Os números da Protecção Civil dão-lhe razão.

Um violento incêndio, que eclodiu cerca das 03.00 de ontem no Parque Natural de Sintra, mobilizou 200 operacionais. Em Viana do Castelo houve incêndios combatidos com sete homens, como em Arcos de Valdevez. Para este distrito foram mesmo enviados reforços de Lisboa, Leiria e Aveiro.

No terreno a pior situação registava-se em Amarante, onde um incêndio em mato continuava a lavrar em quatro frentes distintas.

Ao início da noite, a Protecção Civil não tinha ainda um balanço, mas assumia que domingo "terá sido o pior do ano e terá ultrapassado os números de sábado, em que se registaram 299 ".

Fonte: DN