domingo, 25 de julho de 2010

Meios aéreos não estão a ser usados em todos os fogos


Bombeiros falam em "anomalia", mas Protecção Civil alega que decisão é sua.


Os meios aéreos de combate a incêndios não estão a ser usados em todos os grandes fogos florestais no País, ao contrário do que define a directiva operacional, elaborada pela Protecção Civil. A Liga de Bombeiros Portugueses (LBP) alerta que "todos os fogos nascentes devem ser enfrentados com meios aéreos" e considera que a não utilização de helicópteros e aviões só pode ser justificada com uma "anomalia".

Na tarde de ontem para um incêndio, com "duas frentes activas", em Vila Nova de Gaia, não foi enviado qualquer meio aéreo. Para um outro fogo, que deflagrou às 14.46 em Viana do Castelo - o distrito mais fustigado pelas chamas desde sexta-feira - também não foi despachado qualquer meio aéreo. No momento do alerta, o fogo tinha "uma frente activa" e foi combatido com 42 homens e 11 veículos. Só mais de duas horas após o alerta é que a Protecção Civil enviou um helicóptero.

Uma actuação que "contradiz a Directiva Operacional do Dispositivo Especial de Combate a Fogos Florestais, que garante um ataque com equipas helitransportadas, terrestres e meios aéreos, de cumprimento obrigatório", diz o comandante operacional da LBP, José Campos, que alerta que "o uso de meios aéreos é gerador de eficácia e quando isso não acontece é porque há alguma anomalia".

O comandante não acredita que na base da decisão estejam "critérios económicos. Ainda não houve um número elevado de fogos para que estes meios já tenham esgotado as suas horas de voo", conclui. Ao início da noite, o fogo ainda não estava dominado.

Apesar das orientações, os meios aéreos continuam a falhar vários fogos por dia. Na sexta-feira, também em Viana do Castelo, para os incêndios de Tugo, em Valença, e Freixelo do Soutelo não foram enviados helicópteros. No caso do incêndio de Vila Nova de Gaia a Protecção Civil justifica que o fogo "estava dominado uma hora após a deflagração". Sobre todos os outros, a assessora Gisela Oliveira alega que "as decisões operacionais apenas dizem respeito à Protecção Civil e à sua estrutura de comando".

O dispositivo de combate aos incêndios florestais custa este ano 103 milhões de euros, dos quais 37,2 milhões para os meios aéreos.

Ontem registaram-se incêndios nos distritos de Viana de Castelo, Vila Real, Viseu, Bragança e Castelo Branco. A situação mais complicada viveu-se em Viana do Castelo, onde um fogo em Esturranha mobilizou três meios aéreos. Aviões pesados foram também usados em Torre de Moncorvo, Bragança.

Fonte: DN