segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mais de 35 por cento das crianças do distrito de Bragança já sofreram violência na escola


Um terço das crianças dos primeiro e segundo ciclos do distrito de Bragança admitem que já foram vítimas de violência escolar. A conclusão é de um estudo realizado em todos os agrupamentos do distrito, entre 2008 e 2009, apresentada num debate promovido pela concelhia de Bragança da Juventude Socialista, no último sábado.
“Não estamos a falar de bullying propriamente dito mas de crianças vítimas de agressão. Uma em cada três crianças já sofreu algum tipo de agressão. E os rapazes são mais vítimas e mais agressores. Os recreios são os locais onde as situações de agressão acontecem mais, seguido do caminho para a escola”, destaca Manuela Santos, representante do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, que encomendou o estudo à Universidade do Minho. Ora, a única pedopsiquiatra a trabalhar no distrito, Elisa Vieira, revela que também recebe alguns casos de vítimas e agressores, mas admite que haverá muitos outros que não são acompanhados.
“Tenho situações de bullying agressivo, de deixar marcas no corpo, de terem recorrido ao serviço de Urgência. Tenho um caso de cyber-bullying, de uma miúda filmada após a aula de educação física a tomar banho, dentro do perímetro escolar, e cujas imagens foram postas na internet. E tenho as vítimas psicológicas.”Este ano chegou ao CHNE apenas um novo caso de violência escolar, mas mais seis vítimas e dois agressores estão a ser acompanhados por Elisa Vieira.
Já Luís Martins, o coordenador do Grupo de Apoio às Escolas, admite que alguns dos agrupamentos do distrito já começaram a implementar medidas de combate à violência escolar.
“É verdade. São medidas de prevenção, falar com os pais, transmitir o que é o bullying, o que devem fazer cada vez que há uma agressão, como apresentar queixa, que autorizações pedir quando os miúdos têm de sair da escola para ir almoçar ou ir a uma consulta”, explica. “Mas algumas já foram mais longe e já colocaram isso no regulamento interno.”
Isabel Parente é assistente social e alerta os pais para estarem atentos a certos comportamentos que podem significar que os seus filhos são agressores ou vítimas na escola.
“O não querer ir à escola, por exemplo, a fobia escolar. Já o agressor não tem medo de ir mas anda sempre irritado, tem atitudes hostis com pais e amigos. Faz questão de dizer que é o maior e não tem aproveitamento escolar por falta de atenção. Preocupa-se mais em agredir do que em estar com atenção.”
Este estudo acompanhou mais de 3500 crianças do primeiro e segundo ciclos. Faltam ainda os resultados do terceiro ciclo.

Fonte: Brigantia