terça-feira, 13 de abril de 2010

Nove urgências fecharam desde 2006


Nove urgências hospitalares encerraram desde 2006, na sequência da polémica restruturação de Correia de Campos, que previa, no entanto, o fecho de 15. Antes de deixar o Governo, o ex-ministro retrocedeu em relação a dois casos, decidindo manter abertos os serviços do Curry Cabral (Lisboa) e de Macedo de Cavaleiros. Além disso, decidiu que as urgências hospitalares de Fafe, Santo Tirso, Montijo e Peniche, que os peritos aconselharam a a fechar, permaneceriam abertas até haver serviços alternativos.

A nível dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) fecharam 34 ou 35, diz a actual ministra Ana Jorge. Contactado pela Lusa, o seu gabinete acrescenta que "neste momento não existe informação sobre futuras alterações na requalificação das urgências".

Quanto às urgências nos hospitais, a tutela não forneceu dados dos encerramentos: a Lusa obteve-os através de contactos telefónicos para as unidades, tendo por base a lista dos 15 serviços que estavam previstos encerrar na Proposta da Rede de Urgências, elaborada por uma comissão técnica. Em 2006 iniciou-se o processo que tinha como proposta o fecho de 15 urgências hospitalares e a criação de 89 serviços: 45 de Urgência Básica (SUB), 30 de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e 14 de Urgência Polivalente (SUP).

O Ministério da Saúde indicou à Lusa terem sido criados ou requalificados 39 SUB, faltando abrir seis. Quanto às SUMC e SUP não foram avançados dados. O objectivo da reforma é que pelo menos 90% dos utentes demorem menos de 30 minutos até um serviço de urgência e menos de 45 até uma urgência médico-cirúrgica.

Para o Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS) a reestruturação em marcha "não tem resultado em benefícios para os utentes". A reforma "não se tem traduzido em melhorias significativas para os utentes", disse Carlos Braga, do MUSS. Exemplificando com os protestos em Valença, Carlos Braga diz que os utentes do Serviço Nacional de Saúde sentem que vão ficar prejudicados.

"A alteração que o Governo introduziu, contra a vontade da população de uma cidade, gerou um conjunto muito grande de protestos porque as pessoas entendem que vão ficar mais mal servidas por os serviços de saúde ficarem mais distantes do seu local de residência", justificou.

Já o Movimento de Utentes de Saúde (MUS) é menos crítico, considerando que ter um SAP por perto pode ser uma "falsa segurança". Mas Santos Cardoso compreende "a tranquilidade que dá, principalmente às pessoas mais idosas e doentes crónicos, saber que pode dispor de um médico de um momento para o outro". "É um factor psicológico importante", disse.

Uma das condições para a reforma iniciada em 2006 era que o transporte de doentes fosse assegurado, o que implicou o reforço da emergência médica pré-hospitalar com ambulâncias, motas e helicópteros.

O INEM tem 375 meios espalhados pelo País no âmbito da requalificação das urgências. Dados do INEM indicam ainda que existem 42 VMER: sete no distrito de Lisboa, cinco no Porto, quatro em Braga e três em Faro e Coimbra. Os enfermeiros da emergência médica apoiam a reforma, mas lamentam a "alta taxa de inoperacionalidade" de algumas ambulâncias por falta de profissionais.

Fonte: DN