quarta-feira, 7 de abril de 2010

Morte de idoso ensombra protestos em Valença


A Administração Regional de Saúde do Norte rejeita que morte de homem com 82 anos se deva a alteração de horários.

A Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Valença garante que as urgências da cidade "tinham condições" para salvar a vida de um homem de 82 anos que ontem acabou por falecer nas instalações, num quadro de paragem cardiorrespiratória. Carlos Natal, porta-voz dos utentes, garante mesmo que a "trágica morte" deste idoso se ficou a dever à "transferência" de meios humanos de Valença para Monção, devido ao encerramento daquele Serviço de Atendimento Permanente (SAP).

"Havia meios para o salvar. Não havia era pessoal, que agora vão para Monção, e este é o resultado desta política de saúde", acrescentou. O homem deu entrada de manhã no Centro de Saúde, com uma paragem cardiorrespiratória, "não tendo recebido os cuidados médicos adequados por ausência de profissionais especializados", garante Carlos Natal, acrescentando ter informações que atestam a "confusão vivida" no interior do Centro de Saúde, face ao episódio. "Um local onde antes se salvavam vidas", recordou o utente durante a concentração de protesto contra o fecho do SAP, que ontem voltou a juntar mais de 150 pessoas.

"Isto é um exemplo do erro que se está a cometer com este encerramento e não nos vamos calar", apontou ainda. Sobre esta morte, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) afirmou, em comunicado, que a mesma aconteceu já depois das 08.00, numa altura em que estavam em funcionamento as consultas abertas do Centro de Saúde, rejeitando qualquer relação com as alterações de horário. A mesma nota diz que neste caso "não foi contactado o INEM", quer pela família da vítima ou pelos bombeiros.

"Estes factos traduzem exactamente o que não deve ser efectuado e consubstancia as razões que levaram o Ministério da Saúde a alterar o horário de funcionamento do Centro de Saúde local", diz ainda a ARS/N, justificando com a necessidade, nos casos urgentes, de alerta via 112. "Neste caso, poderia ter sido enviada uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) existente em Valença", sublinha o comunicado, acrescentando que viajaria com um enfermeiro com elevada experiência".

Para a ARS/N "o facto deste tipo de doentes ser transportado para estes locais, em vez de serem logo orientados para a rede de serviços de urgência, implica uma perda de tempo no seu correcto atendimento que pode ter consequências irreversíveis", acrescentando que "os Centros de Saúde não possuem condições técnicas, nem recursos humanos com a experiência para atender casos emergentes".

Fonte: DN