sexta-feira, 27 de maio de 2011

DECIF: Activação dos meios aéreos com regras apertadas



São várias as alterações à Directiva dos incêndios. Mudanças na gestão e activação dos meios aéreos, capacidade de decisão dos CODIS, organização dos postos de comando operacional e grupos de reforço. A activação dos meios aéreos está agora mais condicionada. A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) espera que as novidades não signifiquem “apenas” a mudança pela mudança.

Texto: Patrícia Cerdeira

São poucas mas poderão ter “impacto significativo”. É esta a ideia generalizada junto dos bombeiros depois de terem ficado a conhecer a DON 2. Confrontada com as alterações agora introduzidas, a LBP recorda que as mudanças foram justificadas com “razoes de eficácia”. “Parece-nos que a ideia foi apenas de mudar sem que nos tivesse sido demonstrado que as mudanças podem trazer ganhos”, refere Duarte Caldeira que faz questão de acrescentar: “Teremos oportunidade, em breve, de perceber da correcção ou não das referidas alterações”.

O que muda afinal na Directiva Operacional Nacional 2:

· Accionamento de apenas um meio aéreo de ataque inicial (ATI) por incêndio, e fora de áreas urbanas. Activação de outros meios aéreos em ATI, ficam a depender da autorização do CNOS;

· Aumento para 40 quilómetros do raio de intervenção dos meios de ATI

· Aumento para 70 quilómetros do raio de intervenção dos meios de Ataque Ampliado (ATA)

· Criação de equipas para Porto de Comando Operacional, um por distrito e oito a nível nacional, com capacidade de prover todas as células do Sistema de Gestão de Operações;

· Constituição de três Companhias de Reforço (Norte, Centro e Sul), cada uma constituída por três GRIF através de bombeiros que não integrem ECIN e ELAC, para teatros de operações que não superem três horas de deslocação;

· Alteração da designação das células do Posto de Comando: deixa de existir a Célula de Combate que passa a designar-se por Célula de Operações. Assim, cada Posto de Comando passa a contar com dois comandantes de operações;

· Constituição de uma Companhia de Reforço de Reserva sedeada no Distrito de Lisboa;

· Constituição de dois GRIF, um no RSB de Lisboa e outro no BSB do Porto para intervenção excepcional em áreas de interface urbano-florestal;

· Utilização da rede SIRESP em veículos de comando e comunicações, através de equipamentos portáteis a distribuir aos comandantes, elementos da estrutura de comando e chefes das brigadas helitransportadas;

· Redução drástica das equipas de Sapadores do Exército que passam em dois anos de 20 para 6


Tutela explica menos quantidade com mais qualidade

Já começou a Fase Bravo de combate aos incêndios florestais, a qual se prolonga até ao dia 30 de Junho. Envolvidos nesta que é considerada a segunda fase mais crítica do Verão, estão 6438 operacionais, 1476 veículos e 24 meios aéreos. Menos 10 meios aéreos, cerca de 200 homens e 50 viaturas. Integram a Fase Bravo este ano 2411 bombeiros, 242 elementos da Força Especial de Bombeiros (Canarinhos), 654 elementos do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro da GNR (GIPS), 939 elementos do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, 219 elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), 560 elementos da Autoridade Florestal Nacional (AFN), 158 elementos do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) e 45 operacionais da associação de produtores florestais AFOCELCA. Nesta fase estão activos 70 posto de vigia.

Em nota enviada ao “BP”, a ANPC explica desta forma a redução dos meios: “A redução resulta de um convite que é endereçado todos os anos aos Agentes de Protecção Civil, para que actualizem, quando necessário e aplicável, os elementos que a eles respeitam, em função da manutenção de um quadro de meios preciso e fiel às suas organizações internas. Fazem parte das actualizações à Directiva, também, os necessários ajustamentos aos dispositivos terrestres e aéreos.

Ainda segundo a ANPC, O dispositivo aéreo, que conta este ano com menos 15 aeronaves, ou seja 41 no total. Não estarão este ano disponíveis os dois aviões bombardeiros pesados Canadair (substituídos por dois aviões bombardeiros médios anfíbios), os anteriores aviões bombardeiros médios (não anfíbios), bem como os aviões bombardeiros ligeiros (igualmente não anfíbios). “A consulta do anexo 8 à Directiva Operacional Nacional n.º 2/2010 permitirá conhecer com maior detalhe a reorganização do dispositivo aéreo face a esse ano”.

Em matéria de ECIN e ELAC, está prevista para este ano a intervenção com 1696 elementos na Fase Bravo, 3598 elementos na Fase Charlie e 758 elementos na Fase Delta, o que representa, respectivamente, 86%, 85% e 82% dos elementos em operação no ano anterior, com respeito, apenas, a elementos dos Bombeiros. Ainda segundo os dados fornecidos pela ANPC encontram-se disponíveis mais 19 EIP, com mais 95 elementos. “No conjunto dos meios operacionais envolvidos de todas as forças, está prevista a intervenção de 9210 elementos (92 por cento em relação a 2010)” Em complemento ao dispositivo terrestre, o Verão deste ano vai contar com 12 máquinas de rasto, cedidas pela Autoridade Florestal Nacional. São ainda constituídas três Companhias de Reforço.


Comando e controlo

Ao nível do comando, controlo e intervenção, garante a ANPC, o “esforço” foi dirigido no sentido de “potenciar” os meios existentes através da “pré-formatação” e “planeamento” da organização de equipas para os diversos níveis de actuação.


Comando e Controlo:

· Estabelecimento de pelo menos uma Equipa de Posto de Comando Operacional (EPCO), por Distrito, com base nos elementos de comando dos corpos de bombeiros, com vista à rápida implementação do Sistema de Gestão das Operações (SGO) adequado à evolução da ocorrência;

· Estabelecimento de uma reserva nacional de 8 (EPCO), 2 posicionadas a Norte, 2 posicionadas ao Centro e 2 posicionadas a Sul, e ainda a garantia de mais 2 em Lisboa, todas à ordem do CNOS.


Intervenção:

§ - Formatação em cada Distrito de 1 Grupo de Combate a Incêndios Florestais (GCIF), com base nas ECIN e ELAC atribuídas, com vista a uma resposta imediata e organizada, potenciando o reforço dos Teatros de Operações (TO);

§ - Formatação de um conjunto de Grupos de Reforço para Incêndios Florestais (GRIF), com meios exteriores às ECIN e ELAC, com objectivo de agrupar 3 Companhias de Reforço (CRIF), 1 localizada a Norte, 1 localizada ao Centro e 1 localizada a Sul;

§ - Em adição às 3 CRIF acima expressas, formatação de 1 CRIF de reserva em Lisboa;

§ - Potenciação de uma bateria de 12 Máquinas de Rasto, disponibilizadas pela AFN, 4 das quais em permanência (24/7), com possibilidade de pré-posicionamento de acordo com o risco;

§ - Formatação, ainda, de até 2 GRIF, com base nos CB profissionais para intervenção excepcional na protecção de aglomerados populacionais, no interface florestal-urbano.

Fonte: JBP