domingo, 28 de fevereiro de 2010

Faculdade proíbe héli do INEM


A Faculdade de Desporto cansou-se de servir de heliporto do "S. João". As constantes aterragens, durante quatro anos, danificaram o edifício e os jardins da instituição. Desde o ano passado, que o héli do INEM deixou de aterrar junto do maior hospital da região.

O helicóptero do INEM começou a aterrar na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (nas traseiras do S. João) quando avançaram as obras na Urgência do hospital. Os contentores que acolheram provisoriamente o serviço foram instalados sobre o heliporto, impedindo as aterragens. INEM e faculdade acreditavam que, após a empreitada, o heliporto seria reactivado, mas tal não aconteceu.

As frequentes aterragens no átrio da Faculdade deixaram o cimento do chão partido e comprometeram o crescimento de algumas árvores. A deslocação de ar provocada pelas pás do helicóptero faziam estremecer a estrutura em vidro que rodeia o recinto de tal forma que, na primeira vez, temeu-se que não aguentasse.

"Abanou tanto que achámos que ia rebentar tudo. Depois, decidimos abrir as portas laterais para deixar correr o ar e melhorou um pouco, mas entrava lixo por todo o lado", conta Rui Faria, vogal do Conselho Directivo, acrescentando que, nalguns dias, o héli chegava a aterrar mais de duas vezes.

Os episódios são inúmeros e alguns até cómicos: "Uma vez a aterragem coincidiu com um churrasco da associação de estudantes. Tiraram tudo à pressa, mas ficaram os molhos", conta o responsável. Rindo, lembrou como a ventania atirou os molhos contra os vidros da faculdade.

Passaram-se quatro anos e o hospital não deu sinais de que iria reabrir o heliporto. A direcção da faculdade chamou o INEM e pediu que só voltasse a aterrar ali em casos de extrema necessidade. "Somos solidários, mas tudo tem limites", justifica Rui Faria. Desde aí, o héli não voltou a pousar nas imediações do S. João.

Direcção do hospital em silêncio

A administração do hospital não quis pronunciar-se, remetendo explicações para o INEM. É certo que o projecto inicial de requalificação do S. João previa a construção de um heliporto, mas a direcção não quis dizer se esse equipamento será concretizado.

O INEM, por sua vez, afirma que não é responsável pela criação de estruturas para aterrar o helicóptero de emergência. A delegação Norte do INEM "reconhece e enaltece" a colaboração da faculdade nos últimos anos e admite que, sem o heliporto do S. João, os doentes demoram mais tempo a chegar ao destino.

Actualmente, o héli do INEM aterra no Pedro Hispano (Matosinhos) e no aeroporto (Maia) em caso de transportes nocturnos com muito más condições atmosféricas. Os doentes são, depois, transportados de ambulância. A partir de Abril, a plataforma de Massarelos, na marginal do Douro, estará pronta a receber o heli de emergência com doentes para o Hospital de Santo António.

Fonte: JN