sábado, 26 de março de 2011

“Não aguentamos esta situação mais 2 meses”


Correio da Manhã – Porque é que as novas regras do transporte de doentes estão a atirar para a falência muitas corporações?

Duarte Caldeira – Porque vieram reduzir drasticamente os serviços de transporte e, por isso, as suas receitas. Há casos de associações de bombeiros que viram os serviços de transporte reduzidos na ordem dos 70 por cento.

– O despedimento de bombeiros é inevitável...

– Infelizmente. Se diminuem os serviços, os tripulantes não têm trabalho, e as corporações não têm necessidade de os manter ao serviço. Há situações muito complicadas em muitas associações.

– Considera que as exigências das novas regras estão a pôr em causa o socorro às pessoas?

– Não tenho a mínima dúvida. Tenho conhecimento de muitos casos de pessoas que, por não terem possibilidades financeiras para o transporte, acabaram por desistir de fazer os tratamentos.

– O que espera da reunião que vai ter com a ministra da Saúde na próxima quinta-feira?

– Que as regras sejam alteradas de forma a evitarmos uma situação de ruptura financeira nos bombeiros. Espero uma resolução, porque, devido à situação política que se vive e à possibilidade de eleições, os bombeiros não aguentam mais dois/três meses nesta situação.

– O problema pode também afectar os outros níveis de operacionalidade dos bombeiros?

– Sim, porque as associações têm escalas pré-estabelecidas, e a dispensa de bombeiros vai afectar os outros sectores de socorro, como o serviço no INEM e os incêndios.

– Quais as zonas do País mais afectadas?

– O Interior, porque é onde se realizam mais serviços para fora das localidades e as viagens são mais longas. É ali que as pessoas mais precisam de transporte. Algumas ficaram tristes com os bombeiros porque pensam que o ónus da culpa é deles.

Fonte: CM