sábado, 19 de novembro de 2011

Milhares de euros em prejuízos, população reclama medidas


De esfregona, vassoura e mangueira na mão, mais de meia centena de pais e alunos ajudavam esta manhã nas operações de limpeza do Externato Eduarda Maria, na Parede, um dos locais mais afetados pelas inundações.

Na tarde de sexta-feira, o estabelecimento de ensino ficou inundado, obrigando à retirada, pelas janelas, das cerca de 200 crianças que àquela hora estavam a ter aulas. Os prejuízos ascendem a muitos milhares de euros.

“Nunca vi uma situação igual. Em cinco minutos ficou tudo inundado. O chão, os móveis, os livros, os colchões e os computadores ficaram destruídos. São mais de 50 mil euros de prejuízo”, lamentou a diretora e proprietária, Maria de Jesus, à agência Lusa.

Apesar da destruição, da lama e do muito trabalho que ainda há pela frente, a responsável acredita que a escola estará em condições de abrir na próxima segunda-feira. Para isso, conta com a onda de solidariedade que uniu, num esforço conjunto, funcionários, dezenas de pais, atuais e ex alunos.

“Este é um momento difícil para todos. Vivo há cinco anos na Parede e nunca vi nada assim. Se todos ajudarmos, custa menos, e dessa forma, a escola irá abrir mais rápido. Temos de ser solidários”, defendeu Paulo Cunha, pai de dois alunos, que hoje trocaram os lápis e os livros, pelas vassouras e esfregonas.

A escola tem cerca de meio século e há 15 anos que Maria de Jesus é diretora. Foi a primeira vez que se deparou com uma situação destas.

“Isto deve-se à falta de limpeza das sarjetas e principalmente ao estreitamento do leito da Ribeira das Marianas, devido à construção de prédios que se está a fazer nessa zona”, referiu, em tom critico, a proprietária.

O externato Eduarda Maria situa-se na rua Machado dos Santos, a mais atingida pelo temporal. A cerca de 500 metros dali, decorriam igualmente trabalhos de limpeza no Clube Nacional de Ginástica, onde, em certas zonas, a água atingiu os quatro metros.

“A casa das máquinas ficou totalmente submersa e não se aproveita nada”, explicou o responsável pela manutenção do espaço, Manuel Brilha, enquanto abre a porta da piscina, cheia de água castanha e lamacenta.

No momento da inundação, estavam cerca de 30 pessoas a nadar na piscina, que rapidamente tiveram de abandonar o local.

O centro de estética, a sala de sauna, de banho turco, a secretaria, assim como os balneários, “tudo ficou inundado”, refere o responsável, que trabalha no espaço há mais de 20 anos e “nunca presenciou um cenário como este”.

O Clube Nacional de Ginástica é frequentado por dezenas de pessoas. Apesar de o seguro não cobrir os danos, o futuro do espaço “não está em causa”, que deve abrir “dentro de duas semanas”, segundo o presidente, Manuel Madeira, ouvido pela lusa, salientando que tem um prejuízo de “muitos milhares de euros”.

“Esta rua [Machado dos Santos] ontem [sexta-feira] não era uma rua. Era um rio. Vim apenas lanchar e acabei com o carro neste estado”, desabafou André Lopes, enquanto retirava a água do interior do seu automóvel, um dos muitos que ficaram inundados naquela rua, junto ao Clube Nacional de Ginástica.

“Há 42 anos que moro nesta zona e nunca vi tal inundação. A rua costuma acumular água, mas nunca assim. Isto acontece porque colocaram manilhas na Ribeira das Marianas, de diâmetro inferior ao seu leito, reduzindo a sua capacidade. Isto é inadmissível”, diz, revoltado, Luís Mendes.

A opinião é partilhada por outros moradores no local, que apontam a falta de limpeza das sarjetas como mais um factor que contribui para esta situação. Aproveitaram a oportunidade para deixarem um apelo e fazerem um aviso.

“Era bom que os políticos pensassem em resolver este problema, pois, não é preciso chover muito para que este cenário se volte a repetir”, vaticinam, ao mesmo tempo que mostram fotos de vários carros, parcialmente submersos, a serem arrastados no meio da rua pela força da água.

Fonte: Lusa