domingo, 6 de novembro de 2011

Maior parte dos bombeiros voluntários do Entroncamento pediu passagem ao quadro de reserva

A quase totalidade dos bombeiros voluntários do Entroncamento demitiu-se em ruptura com a actual direcção, liderada por Filipe Rato Graça. O pedido de passagem ao quadro de reserva de 32 dos 36 voluntários foi apresentada na sexta-feira deixando a corporação com problemas de operacionalidade uma vez que a mesma apenas dispõe de 18 profissionais.


A tensão existente entre a direcção o corpo operacional é antiga mas agudizou-se no último ano. Na Assembleia geral de 14 de Outubro deste ano, no período antes da ordem de trabalho, uma série de intervenções de associados que são bombeiros foi extremamente crítica da gestão da Associação Humanitária e da forma como os bombeiros estavam a ser tratados.


O fulcro da discussão esteve quase sempre centrado em ideias distintas de gestão e em questões de funcionamento interno, com críticas cerradas e muitas vezes deselegantes ao presidente da direcção, Filipe Graça.


A substituição da funcionária da limpeza por uma empresa de limpeza para reduzir custos; a obrigatoriedade de os bombeiros terem que passar a assegurar a lavagem da sua própria roupa de cama; a sistemática recusa da direcção em dar luz verde a eventos que os bombeiros queriam promover para angariar fundos bem como a peditórios; a não afixação de balancetes mensais no placard do quartel, como era feito pelas direcções anteriores; os gastos com a criação da base de dados electrónica para controlo de quotas e a inflexibilidade no cumprimento de procedimentos estabelecidos quanto ao pagamento de refeições, bem como a necessidade de requisições para a realização de qualquer compra, foram alguns dos assuntos abordados.


Em declarações esta tarde a O MIRANTE, Filipe Graça disse que a direcção está a trabalhar em conjunto com o comandante operacional, João Pombo, para resolver o problema levantado pelos pedidos de passagem ao quadro. "Pensamos que dentro de poucos dias teremos ultrapassado esta situação. Nesta altura nem sequer sabemos muito bem o que pensar. A lavagem dos lençóis está assegurada por uma empresa que foi contratada para fazer a limpeza das instalações. As refeições que eram fornecidas por um dos bombeiros, o sr. Fernando Rodrigues, que tinha a exploração do bar, passaram a ser fornecidas por uma empresa. Isto são não problemas".


Filipe Graça não tem tido vida fácil como presidente da direcção. No início de 2009, pouco depois de ter tomado posse para o seu primeiro mandato, alguns elementos dos corpos gerentes demitiram-se e começaram a surgir panfletos anónimos acusando-o de as suas decisões estarem a afectar a operacionalidade da corporação. Um abaixo-assinado que circulou entre os bombeiros acusava a direcção de os desprezar e alertava a população para o facto de “qualquer dia” não haver bombeiros. Chegou a ser dado um ultimato à direcção para se demitir, até 31 de Agosto daquele ano, sob pena de se demitirem os bombeiros mas nada aconteceu.


Em Outubro de 2009, no decurso de uma das Assembleias mais participadas da Associação, realizada no cine-teatro S. João com a presença de cerca de uma centena de associados, o presidente desafiou quem o contestava a dar a cara e dizer o que tinha a dizer, mas ninguém se atreveu a fazê-lo.


Na altura o Presidente atribuiu as críticas ao facto de a sua direcção ter tido a coragem de estar a acabar com vícios antigos e a implementar uma reestruturação profunda.


“Não havia contabilidade organizada. A cobrança de quotas era feita de forma arcaica. Havia indisciplina generalizada no corpo de bombeiros. Poderíamos ter fechado os olhos e deixado andar o barco mas não o fizemos. Tivemos coragem e actuámos. Isso gera resistências. Mas vamos continuar o nosso trabalho”, afirmou. No actual mandato, iniciado em Dezembro de 2010, os problemas mantiveram-se.


O MIRANTE tentou contactar o comandante dos bombeiros voluntários do Entroncamento, João Pombo, a quem compete decidir sobre a aceitação dos pedidos de passagem ao quadro de reserva mas não o conseguiu até ao momento apesar de ter deixado mensagem no seu telemóvel

Fonte: O Mirante