domingo, 30 de janeiro de 2011

O mesmo “calor humano” mas “melhores condições”


Urgência do novo Hospital Pediátrico abriu ontem, após uma mudança que acabou por demorar bem menos tempo do que se esperava

Rodrigo, de três anos, já tinha sido levado pelos pais por três vezes à urgência, em Oliveira do Hospital. Mas a febre não baixou. Por isso, ontem, foi directamente para o novo Hospital Pediátrico de Coimbra para que os pais percebessem a origem das altas temperaturas. Eram 15h50 quando deu entrada no novo espaço e nem chegou sequer a ir ao velho hospital. Por não ser um caso grave os pais esperaram. Às 16h00 em ponto faziam a sua inscrição e, dez minutos depois, o pequeno deu entrada na sala de triagem. Foi a primeira criança a estrear as urgências do novo Hospital Pediátrico.
A face vermelha não lhe escondia as altas temperaturas e nem os novos e sofisticados brinquedos da sala de espera lhe puxavam a atenção. «Roda daí que eu rodo daqui», dizia a enfermeira a experimentar um dos novos brinquedos, tranquila nos seus afazeres porque a “clientela” no novo hospital era ainda diminuta.
«Já fomos três vezes com ele à urgência em Oliveira do Hospital. Agora decidimos vir aqui. Não sabíamos que abria só às quatro», dizia a mãe do Rodrigo. Do velho Pediátrico, desde ontem praticamente encerrado, os pais do Rodrigo recordam o «excelente atendimento», mas em «instalações muito degradadas». Por isso, do novo espaço esperam, tão só, «o mesmo humanismo, mas outras condições».

Espera-se serviço “cinco estrelas”
Os pais de Leonor partilham da mesma opinião. Depois de um telefonema para a linha Saúde 24, os pais da pequena com apenas 14 dias perceberam que o melhor era ir ao Pediátrico confirmar a conjuntivite de que se suspeitava que Leonor sofresse. Chegaram quando faltavam poucos minutos para as 16h00. Também eles esperaram pela hora certa para fazer a respectiva inscrição da filha. «Acredito que vai ser um dos melhores hospitais pediátricos», dizia o pai, Cláudio Bermudes. Porquê? Desde logo porque «é novo», mas, acima de tudo, «porque é em Coimbra», cidade «tão bem servida ao nível da saúde». Por isso, «se me perguntarem o que espero do serviço respondo cinco estrelas», afirma. E acrescenta que o «calor humano» que se sentia no velho hospital, onde «as cadeiras eram muito pouco confortáveis», se deverá sentir neste novo espaço, como o mesmo corpo clínico, mas com outras condições.
Ontem, na primeira meia hora de funcionamento das novas urgências apareceram quatro crianças a necessitar de cuidados médicos. Juntaram-se às restantes 48 crianças que, desde as 9h00, foram sendo transportadas por equipas do INEM para as novas instalações. «Correu tudo bem», concluiu Rosa Reis Marques, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Coimbra, enquanto observava o movimento, ainda lento, das novas urgências. Por ali procedia-se ainda a trabalhos de última hora, nomeadamente algumas limpezas, enquanto entravam, a pouco e pouco, os primeiros doentes.

Rápida transferência
Lá dentro, bem dentro do hospital, estavam instaladas as crianças transportadas durante a manhã. Num tempo que a administração considera recorde, foram transportados todos os doentes, ou seja, sublinhou Rosa Reis Marques, a operação que estava prevista para se prolongar até meio da tarde, acabou por terminar às 12h30, com a entrada, no novo Pediátrico, da última criança internada nas velhas instalações. Seguiu-se um período de transporte dos doentes da urgência e, às 16h00 de ontem, quando abriam os serviços da urgência, apenas permanecia nas velhas instalações uma criança. «Está a ser observado para ver se vem para aqui ou se vai para casa», justificou a presidente do Conselho de Administração.
Ao longo de toda a tarde, os profissionais da urgência do Pediátrico dividiram-se em duas equipas: a partir das 16h00 receberam os pacientes nas novas instalações, enquanto no velho hospital permanecia uma equipa a encaminhar os doentes para o novo espaço (caso ali se dirigissem) ou, em situação de grande emergência médica, a proceder ao respectivo socorro. Amanhã o novo Hospital Pediátrico deverá estar a funcionar praticamente em pleno, servindo agora um universo bem mais alargado de crianças e jovens, já que a prestação de cuidados foi alargada até aos 18 anos.
O primeiro hospital pediátrico do país construído de raiz custou mais de 100 milhões de euros e vai servir crianças e jovens de toda a região Centro.


INEM assegurou transporte das crianças
Desde as 9h00 da manhã de ontem que várias equipas do INEM asseguraram o transporte das crianças das velhas para as novas instalações. Às 12h30 todo o trabalho estava concluído e cerca das 14h00 começou o transporte das crianças da urgência que terminou muito antes da hora marcada. Em jeito de balanço de uma operação que não é a missão do Instituto Nacional de Emergência Médica, a directora regional do INEM sublinhou a «programação» feita que permitiu resultados bem sucedidos. Por isso, os riscos «foram nenhuns», disse Regina Pimentel, garantindo que as crianças foram acompanhadas «por profissionais que sabem».

Fonte: DC