quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Registos do CHNE comprovam que médica esteve sem atender doentes 5 horas na Urgência de Mirandela

Há novos dados sobre o caso da médica do hospital de Mirandela que terá fechado a porta do seu gabinete, supostamente para dormir, não consultando ninguém durante cinco horas, na noite de 30 de Dezembro, no serviço de urgência daquela unidade hospitalar.
Depois de o gabinete de comunicação do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) ter desmentido essa situação, agora novos dados vêm contrariar este argumento.

O gabinete de comunicação do CHNE alega que foi uma comunicação interna prestada de forma errada aos utentes, porque a médica em causa terá feito o seu trabalho normal.

No entanto, apuramos que na noite de 30 de Dezembro, cerca das 22 horas, foi admitido um utente na urgência, que viria a ser consultado, posteriormente, pela médica em causa.

Depois disto, aquela profissional de saúde só voltou a consultar um doente que foi admitido perto das três e meia da manhã.

Isto é, neste intervalo de tempo, cerca de cinco horas e meia, deram entrada no serviço de urgência 14 doentes, curiosamente, todos eles foram consultados pelo outro medico que estava de serviço na urgência.

Para alem disso, o gabinete de comunicação do CHNE argumentou que a demora no atendimento, que serviu para vários utentes escreverem no livro de reclamações, ficou a dever-se ao aumento de afluxo de casos na urgência, naquele dia.

No entanto, o registo de admissões de doentes entre as 20 horas e as 24 horas do dia 30 de Dezembro, foi de 17 pessoas, o que resulta numa média de quatro utentes por hora.

Já entre a meia-noite e as oito da manha de 31 de Dezembro, foram admitidos 13 doentes na urgência, baixando a média para menos de duas pessoas por hora.

São números que indicam não ter existido um afluxo anormal de pessoas à urgência, se tivermos em conta que, por exemplo, na passada sexta-feira, chegou a haver 40 pessoas no serviço de urgência do hospital de Mirandela e que o atraso chegou a ser superior a oito horas, nos utentes com pulseira verde, e mais de seis horas nos doentes com pulseira amarela.

Confrontado com estes números, o gabinete de comunicação diz que no dia 30 de Dezembro, a médica em causa, esteve de serviço desde as oito da manha e terá atendido 61 pessoas, até à meia-noite, não dando conta dos registos a partir dessa hora.

No entanto, ao que apurámos a profissional de saúde esteve de serviço ate às oito da manha do dia 31 de Dezembro.

O gabinete de comunicação acrescenta que é um procedimento normal, os médicos que estão de serviço muitas horas seguidas, possam revezar-se no atendimento aos utentes.

No entanto, esse procedimento apenas deve acontecer quando não existam muitos utentes para consultar.
O CHNE admite ainda que existem problemas pontuais de afluxo anormal na urgência mas que estão a envidar todos os esforços para ultrapassar os atrasos que possam existir no atendimento.

Fonte: CIR