Reaprendem a andar, a comer, a tomar banho ou, simplesmente, a vestir a roupa do dia-a-dia, depois da doença lhes ter alterado a rotina do quotidiano.
Na sua maioria idosos, vítimas de quedas ou de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), já passaram cerca de 147 utentes pela Unidade de Convalescença de Macedo de Cavaleiros, durante os primeiros nove meses de funcionamento.
Aqui, a palavra de ordem é reabilitar as pessoas para ganharem novamente autonomia que lhes permita executar as actividades do dia-a-dia sem terem que pedir ajuda. “A maioria dos nossos utentes são pessoas que vivem sozinhas. Não têm retaguarda familiar. Por isso, eles próprios sentem-se na obrigação de ganharem o máximo de autonomia possível para fazerem as tarefas sozinhos”, constata a directora técnica da Unidade, Teresa Ramos.
A Unidade de Cuidados Continuados (UCC) de Macedo de Cavaleiros está integrada no Centro Hospitalar do Nordeste e tem a única Unidade de Convalescença do distrito de Bragança. Nesta valência, os utentes reaprendem a executar as actividades diárias, tentando superar as limitações impostas pela doença. “Fazemos com atinjam o máximo das suas capacidades. Terem que pedir a alguém para os levar à casa de banho ou para lhes dar de comer é a coisa mais triste do mundo”, realça a médica.
O trabalho diário levado a cabo nas enfermarias, nas salas de convívio e corredores é complementado com o exercício físico realizado no ginásio, onde a exercitação dos músculos e das articulações é feita de forma mais intensiva.
O apoio psicológico é, igualmente, uma ferramenta fundamental para o sucesso do tratamento, que demora cerca de um mês. “As pessoas têm que ter força de vontade para melhorarem, porque se têm uma prótese e têm medo de a usar, enferruja”, constata Teresa Ramos.
Na Unidade de Macedo as pessoas em fase terminal passam os últimos dias de vida mais aliviados
Na passagem pelos corredores da Unidade salta à vista a identificação das enfermarias, que é feita através do nome de uma flor, bem como a força de vontade dos utentes, que não se cansam de dar voltas para alcançarem a mobilidade perdida. “Dá gosto vê-los a recuperar”, desabafa a directora técnica.
Já a enfermeira coordenadora da Unidade, Maria do Céu Correia, afirma que é o carinho dado pelos doentes que dá alento aos profissionais que lutam, diariamente, pela recuperação dos utentes. “Precisávamos de mais profissionais de todas as áreas e o carinho dos doentes dá-nos força”, garante a enfermeira.
O trabalho desenvolvido na valência de Convalescença vai para além da reabilitação. Aqui também é feito o tratamento de feridas que necessitem de cuidados diários, bem como ensinos a utentes e familiares. “Muitas vezes o nosso trabalho não é compreendido, visto que demora muito mais tempo e é mais difícil ensinar as pessoas a fazerem as coisas sozinhas do que fazermos por elas”, salienta a directora técnica.
A par da alegria com a recuperação dos doentes que têm alta e regressam a visitar os profissionais, a equipa da UCC também lida com a morte das pessoas que estão nos Cuidados Paliativos. “O grande problema não é morrer, é morrer desconfortavelmente, com dores. Estas unidades servem para aliviar as pessoas. E a maior parte dos 44 doentes que passaram por aqui morreram em paz e com os familiares por perto”, afirma Teresa Ramos.
A UCC de Macedo de Cavaleiros, que conta, actualmente, com cerca de 16 utentes na valência de Convalescença e com sete em Cuidados Paliativos, vai ser inaugurada no próximo dia 11 de Outubro.
Fonte: Jornal Nordeste