Ordem dos Enfermeiros defende que a nova direcção do INEM deve recuar no Plano Estratégico dos Recursos Humanos da Emergência Pré-Hospitalar aprovado este ano.
A formação dos novos técnicos de emergência pré-hospitalar vai custar pelo menos o triplo (cerca de 2 milhões de euros) quando comparada com formações do INEM para enfermeiros e médicos que queiram trabalhar em emergência médica. Só uniformizar a formação dos actuais operacionais dos centros de emergência e do suporte básico de vida, cerca de 843 técnicos, vai custar 1 389 840 euros, segundo a estimativa avançada ao i por um grupo de profissionais ligados ao pré-hospitalar e às formações do INEM, tendo em conta o custo por hora de formações internas e externas.
A uniformização começou este ano, com formadores internos, e soma um total de 472 horas, a que acrescem mais 1000 horas de formação de nível cinco, superior, com um custo estimado de 716 mil euros. Já os moldes da formação adicional que inaugura a carreira de Técnico de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) - que segundo o plano elaborado pela anterior direcção do INEM e aprovado pelo secretário de Estado Adjunto da Saúde Manuel Pizarro será assegurada por entidades do ensino superior e acreditadas pelo INEM - estão ainda a ser ultimados, mas o currículo apresentado pela anterior direcção teve o parecer desfavorável da Ordem dos Enfermeiros.
Jacinto Oliveira, da direcção da Ordem dos Enfermeiros, adiantou ao i que esta sexta-feira vão reunir-se com o novo conselho directivo do INEM, que iniciou funções a 7 de Outubro. No entender da Ordem, este processo começou pelo fim, por só avaliar a dimensão dos recursos humanos da emergência médica e não que tipo de resposta se quer dar em toda rede, e deveria haver um recuo no plano. O responsável defende que as competências dos diferentes profissionais envolvidos na emergência médica não devem entrar em conflito, conforme acontece na estratégia aprovada. "Havendo já enfermeiros e médicos formados, com este plano está-se a diminuir a qualidade e a incorporar uma despesa dispensável."
Para os enfermeiros do pré-hospitalar ouvidos pelo i, além de ser mais cara, a formação prevista para os TEPH não trará qualificações para os actos que lhes são atribuídos no novo plano, como proceder à observação clínica das vítimas, isolar vias áreas, identificar ruídos respiratórios de risco - sobretudo pela falta de experiência em meio hospitalar, onde os enfermeiros têm de estar dois anos antes de fazer emergência pré-hospitalar. "Estamos a falar de pessoas que têm o 9.o ano ou as Novas Oportunidades, fazem 1500 horas de formação e acredita-se que estarão habilitadas a realizar actos complexos e de grande diferenciação como por exemplo espetar uma agulha num pulmão ou fazer uma desobstrução de via área." Há também uma indefinição daquele que será o lugar destes novos técnicos, que passam a apresentar "competências semelhantes às de um médico, de um enfermeiro e de um técnico de cardiopneumologia."
Avançar este ano com a uniformização de formações, no fundo habilitar os técnicos de ambulância de emergência (TAE) e também os técnicos operadores de telecomunicações de emergência (TOTE), coincidiu com a descontinuação da formação interna dos enfermeiros para actuarem nas ambulâncias SIV, apontam ainda. Neste momento só estão a funcionar 28 das 40 previstas. "Se falta entrarem em funcionamento 14 ambulâncias SIV em todo o país, o que é que significa suspender a formação?", questionam.
Contactado pelo i, o INEM diz que as questões vão ser alvo de uma análise cuidada "tendo em conta os compromissos anteriormente assumidos e também a realidade do momento actual do país". Estão agendadas reuniões com entidades representativas dos vários grupos, respondeu ao i o gabinete de comunicação. Hoje o Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência reúne-se com o secretário de Estado Manuel Pizarro. Em cima da mesa estão os diplomas legais da futura carreira.
Fonte: Ionline