segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Bombeiros Voluntários de Cascais acusam ARS de os ter enganado

Os Bombeiros Voluntários de Cascais (BVC) acusam a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) de os ter enganado e exigem o pagamento do retorno dos transportes de doentes realizados em setembro e outubro.

Em comunicado, os bombeiros explicam que estavam avisados pela ARSLVT de que os transportes de doentes, nomeadamente hemodializados, realizados a partir de 01 de novembro, deixariam de incluir o pagamento do retorno.

“Era suposto, que as faturas emitidas antes dessa data, incluindo setembro e outubro, cumprissem as regras anteriormente acordadas”, defendem no comunicado.

Contudo, acrescentam, a ARSLVT “deu o dito por não dito e, por responsabilidade exclusivamente sua, como a conferência da fatura de setembro só ocorreu após o dia 1 de novembro, entendeu refletir também nela o que era suposto fazer incidir apenas nos serviços efetuados a partir dessa data”.

Contactada pela agência Lusa, a ARSLVT afirmou que os bombeiros faturavam quatro deslocações (ida para levar o doente ao tratamento e regresso sem o doente e uma nova ida para recolher o doente e o regresso à sua residência), quando apenas devia faturar uma ida e um regresso.

“O Sistema Nacional de Saúde (SNS) contratualiza com as entidades transportadoras o transporte de doentes da residência até ao local da prestação de serviços de saúde e o regresso à residência, não podendo pagar duas idas e dois regressos”, justificou.

Frisou ainda que “não existe inclusive enquadramento legal para esta situação e não podem os custos ser duplicados quando objetivamente o transporte é de ida e de volta”.

Em declarações à Lusa, o presidente da direção dos BVC esclareceu que “os bombeiros não debitavam horas de espera”.

“O que estava acordado era este tipo de pagamento, que se realiza há anos e nunca ninguém o pôs em causa e nós, como contrapartida, não debitávamos horas de espera”, explicou Rui Rama da Silva.

Perante a resposta da ARSLVT de não pagar as horas de espera, os bombeiros vão começar a debitá-las.

“Assiste todo o direito à ARS de querer fazer economias, não lhe assiste é o direito de fazer economias em nome dos bombeiros”, salientou, lembrando que este é “um problema antigo, que se agudizou com a atual situação”.

A ARSLVT adiantou que, caso os BVC “optem, face à sua gestão interna, por não aguardar e efetuar outros serviços durante o tempo que decorre o tratamento do doente, o SNS paga os serviços efetuados nesse tempo e não as horas de espera”.

Mas se os bombeiros optarem por aguardar o fim do tratamento do doente, a ARSLVT “paga as horas de espera de acordo com a tabela”.

Lembrou ainda que o novo Sistema de Gestão de Transporte de Doentes “permite um novo controle dos transportes realizados, não permitindo a faturação de duas idas e dois regressos.

Rama da Silva afirmou que não se pode “diabolizar uma ferramenta que está a ser implementada para justificar as economias de escala à custa dos bombeiros”.

Perante esta situação, os BVC dizem que vão “parar dentro de poucas semanas o transporte de doentes. Só não o fizemos ainda por respeito pelos doentes”, acrescentou, rematando: “Já chegamos ao limite da decência nesta matéria”.

Fonte: Rádio Ocidente