quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Suspensão seria "decisão precipitada e injusta"


O ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde Manuel Pizarro criticou hoje a "decisão precipitada e injusta" de eventual suspensão de três dos cinco helicópteros do INEM, questionando se a tutela tem "meios alternativos" para resposta "em tempo útil".

Em entrevista à agência Lusa, o presidente do INEM revelou segunda-feira que, até ao final do ano, deverá haver uma decisão sobre a manutenção, ou não, dos cinco helicópteros com os horários de funcionamento actuais: 24 horas por dia.
Miguel Soares de Oliveira admitiu que três dos cinco veículos poderão deixar de trabalhar à noite, já que a sua produção naquele período se tem revelado muito reduzida.
"Eu acho que esta medida apresentada sem uma justificação técnica clara é um atentado ao direito das pessoas que vivem no interior do país e nas zonas mais distantes dos grandes centros a terem socorro pré-hospitalar de qualidade", disse hoje à Lusa Manuel Pizarro, que no anterior executivo foi o responsável pela implementação de três novos helicópteros em Abril de 2010.
Pizarro defendeu que "é sempre evidente que helicópteros localizados em zonas do país com pouca população seriam pouco utilizados", devendo por isso o Ministério da Saúde questionar se "existe algum meio alternativo para propiciar àquelas pessoas socorro em tempo útil a que têm direito"-
"Aqui trata-se de um argumento humanista. É saber se um cidadão por viver numa cidade ou numa vila do distrito de Bragança deixa de ter direito a emergência pré-hospitalar de qualidade - e aqui qualidade quer dizer em tempo útil", sublinhou.
Para o socialista "o único argumento aparente é do número de serviços prestados", considerando porém que "mesmo aí era necessário um maior detalhe técnico".
"Era muito importante que os portugueses pudessem saber, mesmo com o número de serviços realizado, quais foram os resultados. Posso imaginar que um destes helicópteros possa ter realizado durante o ano apenas 150 ou 200 serviços (não sabemos os números, não foi distribuída nenhuma informação técnica de suporte a essa decisão) mas o que é verdadeiramente decisivo é saber o que é que aconteceu às pessoas socorridas com recurso aos helicópteros", assinalou.
Manuel Pizarro recordou ainda que "o senhor ministro da saúde nomeou há uns meses atrás uma comissão para reavaliação das urgências hospitalares" pelo que "é inconcebível que sejam tomadas decisões estruturais em matéria de emergência pré-hospitalar antes da avaliação".
Destacou que "os helicópteros não são uma peça isolada, fazem parte de um sistema integrado de emergência pré-hospitalar e hospitalar" pelo que "é necessário que o ministério antes de tomar decisões deste tipo, com esta gravidade, divulgue a informação técnica que lhe dá suporte".

Fonte: DN