quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Estudo aconselha empresas a estabelecerem regras comuns de segurança

Está finalmente concluída a Carta de Risco da Península da Mitrena, documento fundamental na imediata e eficaz actuação dos agentes de protecção civil em caso de acidente com matérias perigosas.

Ana Maria Santos


A Carta de Risco da Península da Mitrena foi apresentada, anteontem de manhã, no Salão Nobre dos Paços do Concelho pelos parceiros responsáveis por este estudo: Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e Câmara Municipal de Setúbal.

O referido documento teve como objectivo avaliar a cartografar os riscos tecnológicos daquela área do concelho – onde está concentrada a maior densidade industrial -, de forma a serem definidos métodos de intervenção em caso de situações de risco, associados aos diferentes tipos de matérias perigosas que ali se encontram e que, diariamente, circulam pela estrada 10.4, popularmente designada por Estrada da Mitrena. A elaboração deste estudo permitiu definir qual o grau de risco associado a cada uma das empresas que ali desenvolvem actividade, a partir do qual se definem métodos de intervenção, imediata, de forma a minorar as consequências, humanas e materiais, em caso de um acidente industrial.

Na cerimónia de apresentação da Carta de Risco, que contou com a presença de várias individualidades civis e militares, Patrícia Pires, da ANPC, fez a apresentação do referido estudo, seguindo-se a intervenção do presidente da ANPC, Arnaldo Cruz, que salientou a “importância extrema de estar na posse de dados actualizados sobre os riscos, tão precisos e concretos quanto possível, para que as probabilidades sejam minimizadas e a operacionalidade e o socorro seja planeada e concretizada com sucesso”.

Arnaldo Cruz referiu que a Carta de Risco da Península da Mitrena “é incontestável a vantagem na avaliação de riscos, de modo global”, sublinhando que a parceria entre a Autoridade Nacional de Protecção Civil e a Câmara Municipal de Setúbal “teve como principal objectivo desenvolver uma metodologia que permitisse avaliar os riscos presentes, planear as intervenções de emergência e informar a população”. O presidente da ANPC referiu-se ainda aos perigos inerentes ao transporte de matérias perigosas que circulam pela estrada 10.4 e pela via ferroviária, lembrando “os perigos a que estão expostos os colaboradores das empresas, as infra-estruturas, a população e o ambiente”, classificando o documento agora apresentado, como uma “metodologia inovadora que permite identificar esses riscos”.

Por seu lado, a presidente da autarquia sadina referiu que a publicação da referida Carta “encerra um ciclo de extrema importância na criação de instrumentos de planeamento na área da protecção civil”, lembrando que a Península da Mitrena é uma “das mais industrializadas do país e onde coexistem os mais variados tipos de riscos”. Maria das Dores Meira disse ainda que algumas das orientações propostas naquele estudo “começaram a ser concretizadas ainda antes da publicação desta carta de risco”, nomeadamente o caminho de fuga da Mitrena (inaugurado há uns meses atrás), uma via alternativa à Estrada Nacional 10-4 que, em caso de bloqueio impediria a evacuação da área, assim como o acesso de meios de socorro. Outra das recomendações constantes na Carta de Risco diz respeito a associação entre as empresas da Mitrena para o estabelecimento de regras comuns de segurança, proposta que a presidente considerou de “contributo fundamental para uma boa resposta à emergência”.

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Há nove anos sem apoio do Estado


Viatura de Protecção Especial continua sem apoio da ANPC


Maria das Dores Meira não perdeu esta oportunidade para lembrar ao presidente da ANPC que a Carta de Risco agora apresentada “fica incompleta sem um dos mais importantes meios de combate a acidentes industriais”, referindo à Viatura de Protecção Multirisco Especial que se encontra sedeada na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal e que se encontra, há nove anos, por reequipar, uma responsabilidade que, lembrou, foi assumida pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, herdada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil e, aparentemente, completamente esquecida por este organismo do Estado”.

A presidente sublinhou ainda que, apesar daquele comportamento, a autarquia “nunca deixou de accionar esta viatura quando as circunstâncias o justificaram, assumindo todas as despesas necessárias ao seu funcionamento e toda a formação indispensável para as operações de socorro em que está envolvida”, apelando a Arnaldo Cruz para que, “juntos possamos resolver esta questão”.

No entanto, questionado sobre a falta de intervenção da ANPC no reequipamento da referida viatura, Arnaldo Cruz disse somente que este “é um problema que se pode vir a solucionar a curto prazo, a partir do momento em que seja autorizada a transferência de verbas para a autarquia”.

Fonte: O Setubalense