sábado, 27 de novembro de 2010

PROTECÇÃO CIVIL Novo sistema de gestão de avisos revoluciona socorro nas ilhas


Já está operacional o Sistema Integrado de Comunicação e Gestão de Aviso nos Açores. Depois de ter sido testado, no último fim-de-semana, na ilha Terceira, através de um exercício que simulou a queda de um avião em que foi preciso coordenar uma resposta de emergência que envolveu 19 entidades e reuniu 250 pessoas, o sistema, garante a protecção civil açoriana, vai “revolucionar” o socorro na região.

Foi testado, apurado e já está operacional o Sistema Integrado de Comunicação e Gestão de Aviso nos Açores. Um sistema que, segundo o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), Pedro Carvalho, é “revolucionário” o socorro na Região.

“Acreditamos que vai ser algo de inédito que vai revolucionar, de alguma forma, este mundo do socorro, na medida em que deixamos de depender, por um lado, de pessoas para fazer as notificações, e por outro, vai permitir notificações simultâneas, coisa que até momento era extraordinariamente difícil de fazer”.

O responsável explicou em que consiste basicamente esta tecnologia: “estamos a falar de um sistema que permite emitir um conjunto de notificações automáticas em simultâneo” para vários agentes de intervenção.

Assim, sempre que for necessário informar os vários intervenientes “em vez de fazermos uma chamada para cada um”, o novo sistema vai transformar a mensagem escrita emitida pelo SRPCBA em mensagem de voz, através do recurso a um sintetizador de voz, que chega aos telefones e telemóveis de cada destinatário ao mesmo tempo.

Maior controlo das notificações

Na prática, Sistema Integrado de Comunicação e Gestão de Aviso nos Açores vai permitir um maior controlo das convocações feitas. O responsável explica, na prática, como: “o telefone toca. Aparece uma mensagem que diz que «esta é uma mensagem automática do SRPCBA», depois a mensagem propriamente dita, e no fim o utilizador, o carrega numa tecla para garantir que foi recepcionada a chamada”.

“Nós agora sabemos quem é que recebeu e quem não recebeu a notificação”.

Na prática, explicou, passa ser imediato o alerta junto, quer das corporações de bombeiros, quer das unidades do serviço regional de Saúde, das forças policiais e de outras entidades e agentes, com vista a uma actuação mais rápida: “estamos a automatizar esse conjunto de sistemas e alarmes para garantir uma maior celeridade nos alertas”.

Este sistema tanto poderá usar para o alerta de situações de catástrofe, como para o serviço quotidiano do SRPCBA, seja no agendamento de reuniões internas, de preparação de acções, entre outras.

Voluntários têm de ser profissionais na acção

Actualmente existem cerca de 700 bombeiros nos Açores. Destes, 193 são profissionais, funcionários do Serviço Regional da Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA).

O responsável pela protecção civil açoriana, Pedro Carvalho, refere que se trata de um número “muito razoável” dadas as necessidades da região, referindo porém que “é preciso maior qualificação” dos elementos que compõem o corpo de bombeiros açorianos, sejam eles profissionais ou voluntários: “precisamos – e isso tem sido apelado sistematicamente –, que os nossos quadros percebam, e sobretudo os voluntários, que têm de ter também a sua qualificação”.

“As pessoas podem ser voluntárias, mas têm de ser profissionais na acção”, sublinhou.

Explicando que existem bombeiros distribuídos “de Santa Maria ao Corvo sem excepção”, Pedro Carvalho antecipa que as perspectivas futuras para o SRPCBA vai para a qualificação de pessoal: “a indicação que temos da tutela é que irá ser feita uma clara aposta nos recursos humanos”.

Açores sem INEM por falta casuística

Questionado sobre a necessidade de se implementar um sistema de emergência com apoio médico em colaboração com a protecção civil açoriana, à semelhança do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), o presidente do SRPCBA refere tratar-se de uma “questão complexa” e cujo exemplo nacional não tem aplicabilidade no arquipélago açoriano, dando o seguinte exemplo: “o INEM tem uma viatura médica de emergência e de reanimação para 500 mil habitantes e, portanto, nós temos um problema que se chama casuística”.

No caso da Madeira, existe uma EMIR (Equipa Medica de Intervenção Rápida) que “cobre toda a ilha da Madeira” que tem 250 mil pessoas e que possui “acessos muito bons”.

“A questão que aqui se coloca é nós podermos ter um maior suporte na emergência pré-hospitalar? Uma questão claramente complexa”. Mesmo na maior ilha do arquipélago dos Açores, reconhece: “mesmo aí, a casuística é baixa”.

A resposta é: “a grande questão aqui, tal como acontece lá fora, é sobretudo nós mandarmos o meio adequado para a situação adequada - esta é a regra de ouro”.

Meios “acima do standard"

Consoante as situações, o SRPCBA garante que equaciona o tipo de apoio a enviar para o tipo de solicitação: “portanto, para alguém que não necessita de um meio especializado, nós temos que enviar um meio menos especializado”, disse.

Porém, numa situação de extremo, referiu, como “numa urgência de vida ou de morte”, “nós, nalguns casos, estamos a enviar meios acima do standard”.

Pedro Carvalho explicou melhor: “ou seja, a formação das pessoas que lá vão e o conjunto de ligações que é estabelecida, provavelmente numa outra situação seria muito menor”.

Fonte: A União