sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Neve: Municípios de Bragança sem planos específicos


A quase totalidade dos municípios do Nordeste Transmontano não tem um plano específico para a neve que se encontra enquadrada nos planos municipais de proteção civil entre a diversidade de ocorrências que podem afetar as populações.

Ainda assim, alguns autarcas ouvidos pela Lusa asseguram que conseguem dar resposta a nível local e que as "principais falhas" ocorrem no plano distrital, nomeadamente ao nível da rede viária principal.

"A Estradas de Portugal (EP) tem meios insuficientes para a rede de estradas do Distrito", na opinião do presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes.

Bragança é dos concelhos mais fustigados pela neve no Nordeste Transmontano, mas também uma exceção na região em que, além de um plano específico, este ano reforçou os meios.

O autarca social democrata explicou à Lusa que o plano identifica os recursos e contempla as orientações de atuação e adaptação ao evoluir da situação.
Numa "situação excessiva, como está a acontecer em alguns países da Europa, não há outra solução senão parar", ressalvou, porém entende que não é o caso de alguns dos constrangimentos que se repetem nesta região.
"Não adianta ter as estradas municipais transitáveis, quando a nacional 206 e outras estão cortadas", observou.

As estradas nacionais são da responsabilidade da EP que tem dois limpa neves e espalhador de sal.
A principal via da região, o IP4, que liga ao litoral e à fronteira, está gora sob a alçada da Autoestradas XXI, a concessionária que está a transformar o itinerário em autoestrada e tem dois limpa neves.

O Distrito dispõe ainda de outro limpa neves dos bombeiros de Macedo de Cavaleiros afeto à zona de Bornes, onde a nacional 315 é recorrentemente encerrada quando neva.

O mesmo acontece com a nacional 103 que liga Bragança a Vinhais e que o presidente da Câmara, o socialista Américo Pereira, aponta como um dos casos em que a proteção civil municipal não tem responsabilidade.
"Eles só descoordenam, só servem para aparecer na Comunicação Social e para afastar as pessoas", afirmou, referindo-se à proteção civil distrital.

Também no município de Miranda do Douro, segundo explicou à Lusa o vereador responsável, Ilídio Rodrigues, o plano municipal de proteção civil contempla a situação da neve e identifica "os três ou quatro pontos mais críticos".
Relativamente à situação que se repete com frequência de os transportes escolares não circularem com a neve e gelo, o vereador considerou que "é mais por uma questão de segurança para não correr riscos com autocarros com cinquenta crianças por estradas onde a EP não tem condições para chegar a todo o lado".

Contactado pela Lusa, o comandante distrital da Protecção Civil, Carlos Alves, escusou-se a comentar as críticas à atuação distrital e à falta de meios.
"O comandante operacional joga com as peças que tem à disposição", declarou, explicando que a sua função é "não deixar o Distrito isolado dos distritos adjacentes e da fronteira".

Ainda assim, Carlos Alves disse recentemente, numa entrevista à Lusa, que "se a neve atingisse todo o país como os incêndios a "preocupação" com os constrangimentos recorrentes causados por esta intempérie seria diferente".

Foto: www.bombeirosmacedo.blogspot.com
Fonte: HFI/Lusa