Num exame à última época de fogos, a Liga dos Bombeiros denuncia as dificuldades no reabastecimento de comida e água, bem como a pressão dos políticos nos locais de combate às chamas.
A Liga dos Bombeiros aponta pelo menos 13 falhas na análise à última época de fogos, denunciando por exemplo as dificuldades no reabastecimento de comida e água para os bombeiros nos locais de combate, falta de rigor, falta de pessoal, e desequilíbrios nos grupos de reforço.
Estas são algumas das debilidades apontadas pelo relatório da Liga de Bombeiros sobre a época de incêndios, até 15 de Outubro.
Em declarações à TSF, o presidente da Liga, Duarte Caldeira, falou numa logística muito frágil, com várias insuficiências.
«Há elementos e bombeiros que estão muitas horas sem se alimentarem, muitas horas sem haver pausas de recuperação física. Portanto, uma debilidade do nosso ponto de vista é a organização desta logística», sublinhou.
Os planos de emergência municipais nem sempre foram activados quando se justificava, a aplicação de normas de segurança foi insuficiente, faltou uma estratégia de comunicação pública, mas sobrou a pressão de decisores políticos.
Por isso, Duarte Caldeira deixou uma recomendação para que seja «repensada a necessidade e oportunidade da deslocação de decisores políticos aos teatros de operações de incêndios nos casos, onde comprovadamente tal não tem qualquer justificação».
O presidente da Liga dos Bombeiros defendeu ainda que é preciso avançar com urgência, para um plano integrado de requalificação dos bombeiros, «que passa, num primeiro momento, pela realização de uma auditoria técnica quanto a equipamentos, a veículos de socorro, recursos humanos e a sua qualificação, e quanto a instalações».
Porém, um plano de requalificação levaria três a cinco anos a ser implementado, passando também por uma revisão da lei orgânica da Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Este relatório já foi entregue ao secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, que em declarações à TSF justificou algumas destas falhas com o facto do último Verão ter sido dos mais secos dos últimos anos.
Sobre a requalificação dos bombeiros, proposta pela Liga, Vasco Franco admitiu adoptar algumas dessas ideias, lembrando contudo que já existe formação.
Quanto à pressão dos decisores políticos, o secretário de Estado reconheceu a necessidade de ser feita uma análise, ressalvando que por exemplo os autarcas têm o direito de estar presentes nos locais de combate aos fogos.
Fonte: TSF