Há muito que se temia uma tragédia do género no Cabo, em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira. Roque acumulava lixo, no quintal e dentro de casa. Ontem, morreu no interior da habitação, num incêndio, encurralado pela quinquilharia que foi juntando.
Era um vício, uma doença. O homem que todos conheciam apenas por Roque, e que completava este mês 58 anos, trazia todo o tipo de lixo para casa. E quando deixou de conseguir transportar a tralha para dentro da pequena habitação, por falta de espaço, aproveitou a pequena área do quintal e das traseiras. Chegou ao ponto de já não conseguir abrir o portão da vivenda. Os vizinhos contam que saltava o portão e caminhava em cima do lixo. Lá dentro, também já só quase andava de gatas. O caos e a desordem chegavam, em alguns pontos, ao tecto.
Ontem de madrugada, quando as chamas deflagraram na habitação, Roque ficou prisioneiro do seu próximo lixo. Tentou fugir, mas acabou encurralado. Foi encontrado pelos bombeiros a um canto, junto a uma porta próxima da cozinha e de um quarto.
"A culpa é da Junta da Vialonga, da Câmara de Vila Franca de Xira, do Delegado de Saúde e de toda a gente que não fez nada", sublinhou, revoltado, José Esteves Farizo, um dos vizinhos da vítima, acrescentando que, há mais de um ano uma responsável do departamento de qualidade ambiental prometeu actuar, mas nada fez.
"Imagine que ele tinha botijas de gás lá dentro. Tinha ido tudo pelos ares", comentava uma vizinha, frisando que o homem sofria de esquizofrenia, mas que não tomava a medicação, nem tinha qualquer apoio social.
O alerta para as chamas foi dado cerca das 3.30 horas da madrugada. Devido à quantidade de lixo, os bombeiros tiveram que forçar a entrada pelas traseiras. Lá dentro, também eles andaram de gatas, entre a tralha e o tecto, já depois das operações de rescaldo.
Roque foi morar para o Cabo com os pais. Era um miúdo normal e levou uma vida discreta como funcionário na Câmara de Vila Franca até ao dia em que um acidente com uma máquina o conduziu à reforma antecipada e à loucura. Até o automóvel servia de armazém para lixo.
Há dois anos, ameaçado de morte pelo homem do lixo, José Esteves avançou com uma acção em tribunal, mas as testemunhas (dois vizinhos) não compareceram e o caso foi encerrado. "Eu não queria que o prendessem. Era uma forma de tentar chamar a atenção para o problema", frisou.
Alguns familiares da vítima, estiveram no local, entre os quais um irmão, mas não quiseram prestar declarações.
Serão, ao que tudo indica, os serviços da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que vão remover todo o entulho da casa. Os Bombeiros Voluntários da Vialonga - que contaram com o apoio das corporações de Povoa de Santa Iria e de Vila Franca no combate às chamas - mantiveram-se vigilantes durante o dia de ontem, temendo reacendimentos, dada a quantidade e o tipo de lixo existente na habitação.
Câes e bocas de incêndio secas
Os vizinhos mostraram-se ainda preocupados com os gatos e cães que Roque tinha e que alimentava e cuidava de forma muito afectuosa. Contam que um dos animais chegava a acompanhar a vítima para todo o lado, mesmo quando esta se deslocava para longe de bicicleta.
Outro problema que teve de ser contornado foi a falta de pressão da boca de incêndio que estava mais próxima da habitação, situada na Rua D. Pedro V. Além da falta de pressão, uma viatura estacionada mesmo em frente à boca de incêndio condicionou a operação de socorro dos bombeiros. Estes, vinham, no entanto, preparados para actuar com autotanques e recorreram a outras bocas para extinguir as chamas.
Fonte: JN
Era um vício, uma doença. O homem que todos conheciam apenas por Roque, e que completava este mês 58 anos, trazia todo o tipo de lixo para casa. E quando deixou de conseguir transportar a tralha para dentro da pequena habitação, por falta de espaço, aproveitou a pequena área do quintal e das traseiras. Chegou ao ponto de já não conseguir abrir o portão da vivenda. Os vizinhos contam que saltava o portão e caminhava em cima do lixo. Lá dentro, também já só quase andava de gatas. O caos e a desordem chegavam, em alguns pontos, ao tecto.
Ontem de madrugada, quando as chamas deflagraram na habitação, Roque ficou prisioneiro do seu próximo lixo. Tentou fugir, mas acabou encurralado. Foi encontrado pelos bombeiros a um canto, junto a uma porta próxima da cozinha e de um quarto.
"A culpa é da Junta da Vialonga, da Câmara de Vila Franca de Xira, do Delegado de Saúde e de toda a gente que não fez nada", sublinhou, revoltado, José Esteves Farizo, um dos vizinhos da vítima, acrescentando que, há mais de um ano uma responsável do departamento de qualidade ambiental prometeu actuar, mas nada fez.
"Imagine que ele tinha botijas de gás lá dentro. Tinha ido tudo pelos ares", comentava uma vizinha, frisando que o homem sofria de esquizofrenia, mas que não tomava a medicação, nem tinha qualquer apoio social.
O alerta para as chamas foi dado cerca das 3.30 horas da madrugada. Devido à quantidade de lixo, os bombeiros tiveram que forçar a entrada pelas traseiras. Lá dentro, também eles andaram de gatas, entre a tralha e o tecto, já depois das operações de rescaldo.
Roque foi morar para o Cabo com os pais. Era um miúdo normal e levou uma vida discreta como funcionário na Câmara de Vila Franca até ao dia em que um acidente com uma máquina o conduziu à reforma antecipada e à loucura. Até o automóvel servia de armazém para lixo.
Há dois anos, ameaçado de morte pelo homem do lixo, José Esteves avançou com uma acção em tribunal, mas as testemunhas (dois vizinhos) não compareceram e o caso foi encerrado. "Eu não queria que o prendessem. Era uma forma de tentar chamar a atenção para o problema", frisou.
Alguns familiares da vítima, estiveram no local, entre os quais um irmão, mas não quiseram prestar declarações.
Serão, ao que tudo indica, os serviços da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que vão remover todo o entulho da casa. Os Bombeiros Voluntários da Vialonga - que contaram com o apoio das corporações de Povoa de Santa Iria e de Vila Franca no combate às chamas - mantiveram-se vigilantes durante o dia de ontem, temendo reacendimentos, dada a quantidade e o tipo de lixo existente na habitação.
Câes e bocas de incêndio secas
Os vizinhos mostraram-se ainda preocupados com os gatos e cães que Roque tinha e que alimentava e cuidava de forma muito afectuosa. Contam que um dos animais chegava a acompanhar a vítima para todo o lado, mesmo quando esta se deslocava para longe de bicicleta.
Outro problema que teve de ser contornado foi a falta de pressão da boca de incêndio que estava mais próxima da habitação, situada na Rua D. Pedro V. Além da falta de pressão, uma viatura estacionada mesmo em frente à boca de incêndio condicionou a operação de socorro dos bombeiros. Estes, vinham, no entanto, preparados para actuar com autotanques e recorreram a outras bocas para extinguir as chamas.
Fonte: JN