quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dos 374 sócios inscritos só votaram 78


Bombeiros elegeram nova direcção

José Carlos Dias, actual número dois Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros, foi eleito, no passado sábado, presidente da corporação. Dos 374 sócios inscritos, só votaram 78 (58, a favor, 19 brancos e um nulo). A inexpressiva votação deve-se ao facto de ter concorrido uma única lista.

Recorda-se que nas eleições de Março de 2008 registou-se uma afluência nunca antes vista (558 sócios). Tudo porque concorreram duas listas. De resto, o facto mais relevante do escrutínio de 2008 foi a receita financeira que entrou nos cofres da corporação pela via das quotas (cerca de 20 mil euros) que muitos sócios (ou alguém por eles) tiveram de pagar para votar. Isto quer dizer que nas eleições deste ano a indiferença dos sócios, para além do sabor amargo que gerou por não ter produzido receita, deixou bem visível o clima de instabilidade que se vive na corporação. É que, frescos na memória dos bombeiros parecem continuar a estar ainda os episódios que, em 2009, deram origem à decisão que determinou que Macedo de Cavaleiros passasse a ser o único concelho do distrito de Bragança a rejeitar a criação de uma Equipa de Intervenção Permanente. Outro ponto de discórdia diz respeito às condições que os bombeiros continuam a exigir para fazer a mudança do antigo para o novo quartel.

O Semanário TRANSMONTANO tentou saber quais as medidas que o presidente eleito iria tomar para tentar ultrapassar aquelas divergências, mas José Carlos Dias mandou dizer que só daria “entrevistas” depois de tomar posse. Outra questão, também relacionada com o clima que se vive no interior da corporação, que o TRANSMONTANO pretendia ver respondida, diz respeito às acusações dirigidas ao sistema, expressas na carta aberta que o candidato às eleições de 2008 dirigiu aos elementos do corpo de bombeiros, dias antes das eleições. Na dita missiva, para explicar os motivos da sua decisão de não se recandidatar, Tozé Vaz refere que “chegou a ser ponderada” a apresentação de uma lista “que se pretendia unificadora e construtiva”, mas que tal se revelou “inviável” porque “os obstáculos à conciliação de vontades e interesses ficam a dever-se à partidarização do processo eleitoral”. Na sua perspectiva, “há quem persista em ver na direcção desta digna associação uma oportunidade de contaminação política da sociedade macedense, postura que assumidamente” reprova e com a qual se recusa a pactuar. Identificando os responsáveis por tal situação, Tozé Vaz reiterou que o seu “único interesse” era avançar com uma “lista apartidária, baseada em convicções concretas e não em ideolo-gias abstractas e anseios fúteis”. Com essa candidatura pretendia “dar uma resposta apaziguadora e positiva perante o clima de instabilidade que se vive” na instituição. Por entender que não encontrou condições para levar por diante as suas intenções, considera que a sua candidatura apenas geraria polémicas, “polémicas essas pouco dignas do estatuto da associação” de que os bombeiros “enquanto pessoas dedicadas a uma missão de paz e integridade” são “o rosto mais visível”. Tozé Vaz retira-se “deste combate” porque além de estar consciente de que não dispõe dos mesmos recursos que os seus adversários, entende que ao alinhar na estratégia pouco democrática por que os mesmos se pautam, partiria em desvantagem. Recusa, por isso, “alimentar uma luta idêntica à de há três anos”, a qual além de acarretar “implicações nocivas, inclusivamente para a boa imagem da instituição, nada traria de novo ao seu rumo e aos seus destinos”.

Por: João Branco
Fonte: Semanário Transmontano