terça-feira, 7 de setembro de 2010

40 voos diários combateram fogos durante fase mais crítica

Em pouco mais de dois meses, os militares fizeram 2710 intervenções de helicóptero logo nos primeiros minutos dos incêndios.
O sucesso no combate aos fogos define-se em 90 minutos. É neste tempo que os militares da GNR devem, através de meios aéreos e terrestres, dominar as chamas num incêndio. De 1 de Julho a 5 de Setembro, o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR (GIPS) fez 2710 intervenções de helicóptero - uma média de 40 voos por dia. Só 161 foram consideradas sem sucesso.
"O primeiro ataque é fundamental para que as chamas não propaguem", explica ao DN o tenente-coronel António Paixão, comandante do GIPS, o grupo de militares que intervém essencialmente na primeira fase dos fogos.
O grupo tem sob sua competência onze distritos do País, os restantes são de responsabilidade dos bombeiros canarinhos. Sempre que as torres de vigia ou um qualquer particular alerta o Centro Distrital de Operações de Socorro para um fogo, há ordem para descolar um meio aéreo para o local. "A primeira intervenção cabe aos helicópteros de ataque inicial. São consideradas sem sucesso todas as intervenções em que o fogo não foi combatido em 90 minutos", explica o oficial.
São ainda enviados meios por via terrestre de forma a impedir que as chamas se alastrem. De acordo com os dados a que o DN teve acesso, desde o início de Julho foram feitas 2100 acções por terra. Nestas patrulhas houve 564 incêndios a somar aos 2710 fogos.
No último mês, o GIPS tem sido alvo de críticas por bombeiros e populares que se queixam de falta de visibilidade dos militares. Mas o tenente-coronel defende-se. "O GIPS muitas vezes não é visto porque está empenhado, com outros agentes de protecção civil, no combate inicial e ampliado nas frentes dos teatros de operações", refere.
Entre os dados já reunidos por esta força, constam ainda 1566 saídas de helicópteros para missões que não vieram a concretizar-se: em 819 casos, quando o helicóptero chegou ao local, já o fogo estava extinto; 416 missões foram abortadas por se concluir que não havia necessidade de um meio aéreo; 308 missões revelaram ter havido falso alarme (ou engano no local ou simples brincadeira) e 21 missões foram apenas de reconhecimento.
Nos meses mais quentes do ano, e quando o número de fogos começa a diminuir no País, o comandante elegeu como mais difícil o combate às chamas que durante duas semanas lavraram na serra do Gerês. Foram três dias ininterruptos de combate ao fogo que pôs em perigo a população do Soajo, em Arcos de Valdevez, e que chegou à mata do Cabril.
"Foi complicado. O terreno é difícil e havia o risco de as chamas chegarem a Albergaria, onde se encontram espécies únicas", refere.
No combate às chamas estiveram três secções do GIPS e 25 militares da Unidade de Segurança e Honras de Estado da GNR, que receberam formação de última hora para reforçar o contingente. Estiveram ainda bombeiros de Ponte da Barca, sapadores florestais do parque e militares do exército numa acção em que chegaram a existir momentos de perigo para os combatentes. O serviço foi reconhecido e elogiado pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade.


Fonte: DN