Um indivíduo declarado inimputável perigoso e internado em instituição psiquiátrica por ter incendiado a casa de um vizinho foi libertado sem cumprir qualquer medida de segurança a que foi condenado. Vítima e família vivem em terror e não conseguem voltar a casa.
Em causa está um incêndio num prédio em Gondomar, ocorrido a 4 de Julho de 2008. Uma fracção do terceiro andar ficou parcialmente destruída e ficaram sem tecto um casal e uma criança hoje com 11 anos.
A Polícia Judiciária entrou em campo e veio a descobrir que um morador do segundo andar, que nem sequer conhecia os vizinhos, derramou por baixo da porta gasolina que levava em dois garrafões de cinco litros. De seguida, com um isqueiro, chegou lume.
A José Manuel Calvar, mulher e filha valeu a sorte de, pelas dez da manhã daquele dia, já não estarem em casa. Mesmo assim - e apesar da pronta intervenção dos Bombeiros Voluntários de Valbom, Gondomar -, o fogo danificou as portas, divisórias, paredes, caixilharia de alumínio, parte do recheio da casa. O prejuízo atingiu 55 mil euros, pagos pelo seguro.
Apurada a autoria do incêndio, foi feito ao suspeito um exame psiquiátrico que concluiu pelo diagnóstico de "psicose paranóide". Aliás, quando inquirido pelos inspectores da PJ, o arguido queixou-se do vizinho. Disse, por exemplo, que aquele tem o hábito de matar pessoas em casa e o sangue escorre para o piso inferior (o seu apartamento), o que o obriga a limpar constantemente as paredes.
Filha com psicólogo
"Eu, a minha mulher e a minha filha não conseguimos voltar a casa. A minha filha nem consegue subir escadas. Está a ser acompanhada por um psicólogo", diz, ao JN, José Calvar, 53 anos, mecânico de automóveis. Desde então, está a viver na casa de familiares. Um elemento da família tem de dormir sempre no chão. Entretanto, pôs o seu apartamento à venda, mas não arranja comprador. "Não tenho dinheiro para pagar as prestações do empréstimo ao banco e, ao mesmo tempo, uma renda de outra casa. Custa-me alguém ter de dormir todos os dias no chão num quarto cedido por favor".
É por isso que tem ainda mais dificuldades em compreender o andamento do processo. No Tribunal de Gondomar - já depois de confirmada a condenação a internamento entre três e dez anos e indemnização de 20 mil euros por danos morais -, dois médicos foram ouvidos sobre o estado psiquiátrico do arguido, que estava internado preventivamente. Foi dito que, de momento, o incendiário encontra-se estável.
Porém, um dos médicos disse não se responsabilizar por eventuais recaídas. O juiz libertou o indivíduo, de 40 anos, mas mandou comunicar o caso ao Ministério Público, a fim de, eventualmente, ser proposto o seu internamento compulsivo. "Não entendo como o juiz liberta alguém nestas condições e sabendo que vai voltar a ser meu vizinho. Assim é que não vamos conseguir regressar a casa!", insurge-se.
Fonte: JN
Em causa está um incêndio num prédio em Gondomar, ocorrido a 4 de Julho de 2008. Uma fracção do terceiro andar ficou parcialmente destruída e ficaram sem tecto um casal e uma criança hoje com 11 anos.
A Polícia Judiciária entrou em campo e veio a descobrir que um morador do segundo andar, que nem sequer conhecia os vizinhos, derramou por baixo da porta gasolina que levava em dois garrafões de cinco litros. De seguida, com um isqueiro, chegou lume.
A José Manuel Calvar, mulher e filha valeu a sorte de, pelas dez da manhã daquele dia, já não estarem em casa. Mesmo assim - e apesar da pronta intervenção dos Bombeiros Voluntários de Valbom, Gondomar -, o fogo danificou as portas, divisórias, paredes, caixilharia de alumínio, parte do recheio da casa. O prejuízo atingiu 55 mil euros, pagos pelo seguro.
Apurada a autoria do incêndio, foi feito ao suspeito um exame psiquiátrico que concluiu pelo diagnóstico de "psicose paranóide". Aliás, quando inquirido pelos inspectores da PJ, o arguido queixou-se do vizinho. Disse, por exemplo, que aquele tem o hábito de matar pessoas em casa e o sangue escorre para o piso inferior (o seu apartamento), o que o obriga a limpar constantemente as paredes.
Filha com psicólogo
"Eu, a minha mulher e a minha filha não conseguimos voltar a casa. A minha filha nem consegue subir escadas. Está a ser acompanhada por um psicólogo", diz, ao JN, José Calvar, 53 anos, mecânico de automóveis. Desde então, está a viver na casa de familiares. Um elemento da família tem de dormir sempre no chão. Entretanto, pôs o seu apartamento à venda, mas não arranja comprador. "Não tenho dinheiro para pagar as prestações do empréstimo ao banco e, ao mesmo tempo, uma renda de outra casa. Custa-me alguém ter de dormir todos os dias no chão num quarto cedido por favor".
É por isso que tem ainda mais dificuldades em compreender o andamento do processo. No Tribunal de Gondomar - já depois de confirmada a condenação a internamento entre três e dez anos e indemnização de 20 mil euros por danos morais -, dois médicos foram ouvidos sobre o estado psiquiátrico do arguido, que estava internado preventivamente. Foi dito que, de momento, o incendiário encontra-se estável.
Porém, um dos médicos disse não se responsabilizar por eventuais recaídas. O juiz libertou o indivíduo, de 40 anos, mas mandou comunicar o caso ao Ministério Público, a fim de, eventualmente, ser proposto o seu internamento compulsivo. "Não entendo como o juiz liberta alguém nestas condições e sabendo que vai voltar a ser meu vizinho. Assim é que não vamos conseguir regressar a casa!", insurge-se.
Fonte: JN