O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, defendeu ontem, em Coimbra, uma reorganização da Protecção Civil para acabar "de uma vez por todas com a deficiente coordenação no combate aos incêndios florestais". "Depois de 2003 e 2005, pensava que não voltava a assistir a incêndios de uma semana em Portugal. Este ano alguma coisa falhou e é preciso pedir responsabilidades a quem tem capacidade decisora", afirmou aquele dirigente ao CM após as comemorações do Dia Nacional do Bombeiro Profissional.
Segundo o dirigente da ANBP, houve uma melhoria significativa na estratégia de combate aos fogos, mas falta ainda que os decisores técnicos "adquiram uma nova aprendizagem académica e no terreno". "Não podemos ficar agarrados ao passado, sem procurarmos novos métodos, novos conceitos e novas estratégias, correndo o risco de no próximo ano as deficiências serem ainda maiores e com dramáticas conclusões", alertou.
No seu discurso, Fernando Curto pediu ao Governo que financie os bombeiros profissionais através das autarquias, como faz com as associações de voluntários, e exigiu mais investimento na prevenção. Presente na cerimónia, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, reconheceu que nem tudo está feito na protecção civil: "Queremos continuar a investir no sector. O QREN vai ser alargado a nível regional, o que poderá ser fundamental na aquisição de viaturas para os bombeiros, por parte dos municípios."
"É PRECISO APERFEIÇOAR A LOGÍSTICA": Fernando Curto, Pres. Ass. Nac. Bombeiros Profissionais
Correio da Manhã – O que tem falhado no combate aos fogos?
Fernando Curto – É preciso aperfeiçoar logística, coordenação, rescaldos, primeira intervenção e estratégias de prevenção, envolvendo os bombeiros e os serviços municipais e distritais.
– Porque desmarcaram a manifestação de dia 15?
– Porque vamos iniciar negociações com o Governo para definição do Regime Jurídico dos Bombeiros Profissionais.
– Defende a criação de uma Inspecção para a Protecção Civil?
– Sim. Autónoma e supervisionada pelo MAI. Não podemos deixar que as situações profundas deste sector possam continuar a ser superficiais.
Fonte: Correio da Manhã