O secretário de Estado da Protecção Civil admite que “há sempre que melhorar a coordenação” no combate a incêndios florestais, mas afirma que, no pior ano da década em número de ignições, “as coisas correram bem”. Em entrevista à Antena 1, Vasco Franco desvaloriza as críticas de autarcas e promete “um investimento muito grande em reequipamento”, apesar do “contexto de grande contenção da despesa pública”.
O país viveu, nos últimos meses, “a situação pior da última década” em número de incêndios. O balanço é deixado aos microfones da Antena 1 pelo secretário de Estado da Protecção Civil. “Não houve ainda oportunidade de analisar para trás, mas acreditamos que, desde que há registos, não deverá haver muitas situações como esta”, reforça o governante.
“Nós tivemos 27 dias com mais de 250 incêndios, quando nos piores anos da década, que foram 2003 e 2005, esse número foi inferior, 25 dias em 2005 e 26 em 2003. Mais grave do que isto, nesses 27 dias, 24 foram seguidos, portanto nós tivemos 24 dias seguidos com mais de 250 incêndios por dia, quando em 2003 foram 17 dias e, em 2005, 15”, indica Vasco Franco.
É a partir destes números que o secretário de Estado traça um balanço positivo da resposta à época mais crítica dos incêndios florestais, que chega ao fim na quinta-feira. Vasco Franco considera mesmo que “as coisas correram bem”: “Porque, num ano tão difícil, nós termos conseguido um resultado final que se traduz numa área ardida que é cerca de um terço em relação a 2005 e pouco mais de um quarto em relação a 2003 significa que, em condições climatéricas ainda piores dos que as desses anos, nós tivemos resultados muito melhores”.
“Uma questão é termos a ideia de que o Verão será quente, outra é percebermos que ia ser o mais quente dos últimos 80 anos e isso naturalmente dificultou as coisas”, reforça.
Críticas “muito pontuais”
Questionado sobre as críticas de autarcas à coordenação de meios no terreno, Vasco Franco reconhece que “há sempre que melhorar”. Contudo, alega também que se trataram de “casos pontuais”.
“Tivemos um discurso completamente contraditório entre o presidente da Câmara e o vice-presidente e aquela pessoa que se comportou com total seriedade, empenho e presença permanente no terreno foi o presidente da Câmara. Estamos a falar de São Pedro do Sul”, exemplifica. “Aquilo que pareceu descoordenação foi, pelo contrário, uma grande capacidade de iniciativa das várias equipas para proteger as casas. E só com um esforço muito grande e uma grande competência e uma grande dedicação de todos os combatentes foi possível, num incêndios desses, evitar que tivessem ardido casas”, argumenta.
Vasco Franco refere, em seguida, o caso de Boticas, “o último grande incêndio já em Setembro, em que houve uma primeira declaração do senhor presidente da Câmara que não era no mesmo sentido”: “Eu estive lá, com o senhor presidente da Câmara, e aquilo que foi dito perante todos os presentes foi que ele tinha recebido informações que não corresponderam àquilo que ele verificou no terreno. Portanto, são dois casos muito pontuais”.
Investimento em “contexto de contenção”
No que toca a futuros investimentos no reforço de meios de combate, o secretário de Estado da Protecção Civil começa por ressalvar que está “absolutamente solidário” com o Ministério das Finanças num “contexto de grande contenção da despesa pública”. “Mas é preciso continuar a investir”, frisa Vasco Franco, para depois garantir que “vai haver um investimento muito grande em reequipamento dos corpos de bombeiros com recurso às verbas do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional]”.
“Há um esforço muito grande que está ser feito, mais cerca de 30 contratos do QREN, em relação à melhoria das instalações, construção de novos quartéis, ampliações, obras de conservação. Esse esforço vai decorrer durante o próximo ano. As candidaturas, algumas, serão abertas ainda este ano. Aliás, a do Algarve já está aberta com um montante um pouco superior a três milhões de euros. Sabemos que o Norte e o Centro irão abrir com valores superiores. Ainda não temos os valores da CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] do Alentejo”, adianta.
Vasco Franco explica, por outro lado, que a tutela tenciona “manter o dispositivo” de helicópteros pesados e médios no âmbito da “empresa de meios criada pelo Governo anterior”. Relativamente ao “dispositivo que é contratado anualmente para o período mais crítico dos incêndios florestais”, o plano passa por “começar a fazer os concursos ainda este ano”, de forma a “obter as melhores condições em relação aos meios aéreos”. “Haverá alguns ajustamentos. Procuraremos melhorar o dispositivo utilizando as mesmas verbas que tivemos este ano”, antecipa o governante.
“Poupar esforço aos bombeiros”
Com o objectivo de “poupar esforço aos bombeiros”, o Governo conta também conseguir a integração de “cerca de mil pessoas que estão nos centros de emprego” em “projectos relacionados com a limpeza das matas e com o desenvolvimento de acções preventivas ao longo do ano”, a somar à utilização de reclusos em regime aberto, um processo desencadeado pelo Ministério da Agricultura.
Outros dos “aspectos fundamentais” passam, segundo o secretário de Estado da Protecção Civil, pela “limpeza dos 50 metros envolventes de todas as edificações, particularmente as habitações, mas também zonas industriais e centros empresariais vários”, pela segmentação das “grandes manchas florestais, através de estradões e abertura de caminhos”, e pelo investimento “na criação de pontos de água”.
Vasco Franco salienta, por fim, o “esforço” que tem vindo a ser feito “para permitir a profissionalização de equipas nos corpos de bombeiros voluntários”: “Há já algumas centenas de bombeiros nestas condições, em equipas criadas nos últimos dois anos. Pensamos que este é um caminho possível”.
Fonte: RTP
O país viveu, nos últimos meses, “a situação pior da última década” em número de incêndios. O balanço é deixado aos microfones da Antena 1 pelo secretário de Estado da Protecção Civil. “Não houve ainda oportunidade de analisar para trás, mas acreditamos que, desde que há registos, não deverá haver muitas situações como esta”, reforça o governante.
“Nós tivemos 27 dias com mais de 250 incêndios, quando nos piores anos da década, que foram 2003 e 2005, esse número foi inferior, 25 dias em 2005 e 26 em 2003. Mais grave do que isto, nesses 27 dias, 24 foram seguidos, portanto nós tivemos 24 dias seguidos com mais de 250 incêndios por dia, quando em 2003 foram 17 dias e, em 2005, 15”, indica Vasco Franco.
É a partir destes números que o secretário de Estado traça um balanço positivo da resposta à época mais crítica dos incêndios florestais, que chega ao fim na quinta-feira. Vasco Franco considera mesmo que “as coisas correram bem”: “Porque, num ano tão difícil, nós termos conseguido um resultado final que se traduz numa área ardida que é cerca de um terço em relação a 2005 e pouco mais de um quarto em relação a 2003 significa que, em condições climatéricas ainda piores dos que as desses anos, nós tivemos resultados muito melhores”.
“Uma questão é termos a ideia de que o Verão será quente, outra é percebermos que ia ser o mais quente dos últimos 80 anos e isso naturalmente dificultou as coisas”, reforça.
Críticas “muito pontuais”
Questionado sobre as críticas de autarcas à coordenação de meios no terreno, Vasco Franco reconhece que “há sempre que melhorar”. Contudo, alega também que se trataram de “casos pontuais”.
“Tivemos um discurso completamente contraditório entre o presidente da Câmara e o vice-presidente e aquela pessoa que se comportou com total seriedade, empenho e presença permanente no terreno foi o presidente da Câmara. Estamos a falar de São Pedro do Sul”, exemplifica. “Aquilo que pareceu descoordenação foi, pelo contrário, uma grande capacidade de iniciativa das várias equipas para proteger as casas. E só com um esforço muito grande e uma grande competência e uma grande dedicação de todos os combatentes foi possível, num incêndios desses, evitar que tivessem ardido casas”, argumenta.
Vasco Franco refere, em seguida, o caso de Boticas, “o último grande incêndio já em Setembro, em que houve uma primeira declaração do senhor presidente da Câmara que não era no mesmo sentido”: “Eu estive lá, com o senhor presidente da Câmara, e aquilo que foi dito perante todos os presentes foi que ele tinha recebido informações que não corresponderam àquilo que ele verificou no terreno. Portanto, são dois casos muito pontuais”.
Investimento em “contexto de contenção”
No que toca a futuros investimentos no reforço de meios de combate, o secretário de Estado da Protecção Civil começa por ressalvar que está “absolutamente solidário” com o Ministério das Finanças num “contexto de grande contenção da despesa pública”. “Mas é preciso continuar a investir”, frisa Vasco Franco, para depois garantir que “vai haver um investimento muito grande em reequipamento dos corpos de bombeiros com recurso às verbas do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional]”.
“Há um esforço muito grande que está ser feito, mais cerca de 30 contratos do QREN, em relação à melhoria das instalações, construção de novos quartéis, ampliações, obras de conservação. Esse esforço vai decorrer durante o próximo ano. As candidaturas, algumas, serão abertas ainda este ano. Aliás, a do Algarve já está aberta com um montante um pouco superior a três milhões de euros. Sabemos que o Norte e o Centro irão abrir com valores superiores. Ainda não temos os valores da CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] do Alentejo”, adianta.
Vasco Franco explica, por outro lado, que a tutela tenciona “manter o dispositivo” de helicópteros pesados e médios no âmbito da “empresa de meios criada pelo Governo anterior”. Relativamente ao “dispositivo que é contratado anualmente para o período mais crítico dos incêndios florestais”, o plano passa por “começar a fazer os concursos ainda este ano”, de forma a “obter as melhores condições em relação aos meios aéreos”. “Haverá alguns ajustamentos. Procuraremos melhorar o dispositivo utilizando as mesmas verbas que tivemos este ano”, antecipa o governante.
“Poupar esforço aos bombeiros”
Com o objectivo de “poupar esforço aos bombeiros”, o Governo conta também conseguir a integração de “cerca de mil pessoas que estão nos centros de emprego” em “projectos relacionados com a limpeza das matas e com o desenvolvimento de acções preventivas ao longo do ano”, a somar à utilização de reclusos em regime aberto, um processo desencadeado pelo Ministério da Agricultura.
Outros dos “aspectos fundamentais” passam, segundo o secretário de Estado da Protecção Civil, pela “limpeza dos 50 metros envolventes de todas as edificações, particularmente as habitações, mas também zonas industriais e centros empresariais vários”, pela segmentação das “grandes manchas florestais, através de estradões e abertura de caminhos”, e pelo investimento “na criação de pontos de água”.
Vasco Franco salienta, por fim, o “esforço” que tem vindo a ser feito “para permitir a profissionalização de equipas nos corpos de bombeiros voluntários”: “Há já algumas centenas de bombeiros nestas condições, em equipas criadas nos últimos dois anos. Pensamos que este é um caminho possível”.
Fonte: RTP