domingo, 19 de setembro de 2010

Área ardida aumentou 58% face a 2009


A área ardida em Portugal até 15 de Setembro atinge perto de 118 mil hectares, mais 58% do que o valor registado em igual período do ano passado e que ultrapassa a meta definida no Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios para 2012 de ficar abaixo dos 100 mil hectares/ano.
O relatório provisório de incêndios florestais, divulgado sexta-feira pela Autoridade Florestal Nacional (APN), revela que o ano 2010 será o pior dos últimos cinco anos em matéria de área ardida. Os grandes incêndios, com mais de 100 hectares, correspondem a 84% do total da área ardida. Só os distritos da Guarda, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu e Braga totalizam mais de três quartos da área contabilizada até à data.
Embora longe das cifras negras de 2003 e 2005 - os piores dos últimos dez anos, respectivamente com 418 mil e 312 mil hectares ardidos até 15 de Setembro - 2010 vai ficar na história como o ano em que Portugal voltou a superar a barreira dos 100 mil hectares de área ardida. Um objectivo que o Governo quer atingir dentro de dois anos, mas que Duarte Caldeira, presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), considera "extremamente ambicioso", pelo menos "enquanto não houver alterações estruturais que diminuam o perfil de risco da floresta portuguesa".
O presidente da LBP não está surpreendido com os valores apurados pela AFN, quer por considerar que "estava à vista desarmada" que este seria um ano "diferente" - havia muito combustível na floresta, até pelo facto de nos últimos anos ter ardido menos, explica -, quer pelo facto de os anos anteriores terem sido "completamente atípicos e beneficiado de condições excepcionais em termos meteorológicos".
Para Duarte Caldeira, este ano foram efectivamente testadas as mudanças feitas anteriores em matéria de combate a fogos florestais, pelo que entende que deve ser feita uma avaliação dos resultados. O responsável considera que a primeira intervenção "é um caso de êxito" e que também se registou uma "melhoria significativa na gestão dos meios aéreos", mas defende que é preciso reunir informação de detalhe e avaliar o que correu mal, designadamente quando ao facto de ter havido vários incêndios que ultrapassaram as 48 horas.
"Temos de identificar falhou e apurar onde é que há dificuldade de mobilização de meios", disse ao JN, anunciando que está a fazer esse levantamento e que o pretende apresentar, em Outubro, à tutela.

Fonte: JN
Foto: Blog Bombeiros Macedo de Cavaleiros