segunda-feira, 27 de setembro de 2010

INEM tem ambulâncias a sair menos de uma vez por dia


O INEM tem ambulâncias em várias zonas do Norte e do Centro que saem em missão de socorro menos de uma vez por dia. Há casos em que são accionadas duas vezes por semana. Os bombeiros das mesmas localidades fazem dezenas de serviços para o INEM.

De acordo com um relatório interno do INEM a que o JN teve acesso, a ambulância de Suporte Básico de Vida (SBV) do INEM de Celorico de Basto, sedeada no Centro de Saúde, saiu no primeiro semestre de 2009, 52 vezes, o que dá uma média de uma saída em cada três dias.

Em contrapartida, no mesmo período, o INEM pagou aos Bombeiros de Celorico de Basto 175 saídas da ambulância da corporação (Posto de Reserva). Manter uma SBV custa por mês, aproximadamente, 20 mil euros ao INEM.

Em Vieira do Minho, a ambulância do INEM, que está no Centro de Saúde, saiu 143 vezes nos primeiros seis meses de 2009 (menos de uma saída por dia). Porém, os bombeiros locais saíram com a ambulância do INEM que está no quartel ( PEM) 264 vezes.

Em Figueiró dos Vinhos, na zona Centro, a ambulância do INEM saiu 34 vezes em seis meses, enquanto os bombeiros saíram 235 vezes em ambulância própria, com quilómetro pago pelo INEM. Em Mortágua, a SBV saiu 60 vezes em 180 dias. No mesmo período, o INEM pagou 372 saídas de ambulância (Posto de Reserva) aos bombeiros.

A situação repete-se no Sabugal, em Vouzela, em Figueira de Castelo Rodrigo, em Santa Comba Dão, Oleiros e Fratel, onde o INEM tem ambulâncias com pouca actividade.

Confrontado com os números, Ricardo Rocha, presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), conclui que as populações do interior preferem ligar para os bombeiros em vez de ligar para o 112. “Sabem que os bombeiros não fazem tantas perguntas e que até transportam ao Centro de Saúde, enquanto que a ambulância do INEM só pode levar ao hospital”, analisa.

Resultado: “as ambulâncias do INEM sedeadas nessas localidades só saem em serviço quando os bombeiros estão ocupados”, conclui.

O STAE defende que as ambulâncias com pouca actividade deveriam ser relocalizadas para onde fazem realmente falta, até porque a experiência de um TAE depende do número de emergências pré-hospitalares.

“Se os bombeiros dessas zonas já fazem a maior parte dos serviços, dêem-lhes mais formação e confiem-lhes todos os serviços de emergência”, argumenta Ricardo Rocha, lembrando que a carreira dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar pela qual têm lutado, pressupõe mais formação também para as corporações.

O INEM tem outra visão dos números. Ao JN, o instituto referiu que “a avaliação do movimento assistencial dos meios pré-hospitalares não pode ser efectuada com base em critérios apenas quantitativos como o número de saídas por tipo de meio”.

É necessário, diz o INEM, “considerar outros factores, designadamente, os da acessibilidade e articulação dos meios com os serviços de urgência hospitalares disponíveis em cada região”.

Os meios no terreno, estão em constante avaliação e, em consequência disso, foi recentemente deslocalizada a ambulância de Silves, no Algarve. A ambulância do INEM em Baião foi cedida no ano passado aos bombeiros locais.

Fonte: JN