O Presidente da República juntou-se esta sexta-feira ao primeiro-ministro, na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, para se inteirar do dispositivo de combate aos incêndios. Após a reunião, Cavaco Silva dirigiu-se “aos portugueses” para dizer que a resposta às chamas “é um trabalho de todos”. Tal como José Sócrates, o Chefe de Estado fez uma avaliação positiva de um sistema que “tem estado sujeito a uma grande pressão”.
O combate aos incêndios que estão a assolar o país "é um trabalho de todos os portugueses". A afirmação é do Presidente da República, que interrompeu as férias para se dirigir à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil e sentar-se à mesa de uma reunião em que participaram José Sócrates e o ministro da Administração Interna, Rui Pereira.
No final do encontro, que se prolongou por duas horas, Cavaco Silva aproveitou a presença dos jornalistas para lançar um apelo ao país: "Dirijo-me aos portugueses para lhes pedir que tenham muito cuidado nos comportamentos de risco que podem provocar incêndios e que estejam alerta em relação a todos aqueles que ateiam incêndios e não deixem de comunicar às autoridades".
"É na prevenção que se prepara o combate aos incêndios e aí interessa melhorar os acessos, a gestão da floresta, o ordenamento da floresta, o acesso a pontos de água e, repito, isso é uma tarefa de todos nós", acrescentou o Presidente, que exortou também as populações a darem apoio aos bombeiros "que, no terreno, fazem tudo o que é possível, com um esforço tremendo, com um grande sacrifício, para proteger os cidadãos e os seus bens".
Dispositivo "tem respondido com uma boa capacidade"
No termo da reunião, Presidente e primeiro-ministro acertaram o tom dos discursos para traçarem uma avaliação positiva da resposta dada até ao momento. Cavaco Silva começou por salientar que os meios têm estado submetidos "a uma grande pressão". Ainda assim, salientou o Presidente da República, têm "respondido com uma boa capacidade".
"Os bombeiros, homens e mulheres, com grande sacrifício têm feito um trabalho extraordinário para proteger os cidadãos, para defender os seus bens. Neste período de Agosto, já três bombeiros perderam a vida, dois deles em combate directo aos fogos. Três ficaram duramente feridos. E eu quero aqui enviar as condolências às corporações e aos familiares desses bombeiros que perderam a vida por esta missão nobre que desempenham de combate", sublinhou Cavaco, lembrando as mortes do subchefe dos Bombeiros de Alcobaça João Pombo e da operacional Cristiana Josefa Santos, dos Bombeiros Voluntários de Lourosa.
Sócrates disse, por seu turno, ter saído da reunião desta sexta-feira com uma "ideia muito tranquilizadora" da capacidade de resposta aos incêndios. A "capacidade operacional do país", afirmou o primeiro-ministro, "é muito boa para responder ao desafio que nos é colocado por estes dias anormalmente gravosos para a ocorrência de incêndios". "Nós tivemos condições meteorológicas muito adversas, como já não se verificavam há uns anos atrás, e também um grande número de ignições, isto é, de começo de incêndios um pouco por todo o país. E foi possível responder e apagar esses fogos, embora alguns deles, pelo facto de serem muitos, tenham passado de um dia para o outro e tenhamos tido mais dificuldade", sustentou.
"Interesses colectivos" reflectidos na "gestão privada"
Confrontado com as críticas de toda a Oposição às ideias defendidas nos últimos dias pelo ministro da Agricultura, que admitiu a possibilidade de o Estado vir a expropriar terras ao abandono, José Sócrates colocou a ênfase na prevenção, que descreveu como "um trabalho sem fim".
"Julgo que o mais importante neste momento é que tem havido uma evolução muito positiva relativamente às obrigações de cada um, mas ninguém pode esquecer que, ao ser proprietário de uma área florestal, tem também um dever e uma responsabilidade com o conjunto da floresta e por isso essas atitudes às vezes muito negligentes podem prejudicar o país", sublinhou o primeiro-ministro.
"Estou convencido que as nossas leis devem reflectir, cada vez mais, essas obrigações para a sociedade por parte dos proprietários de terrenos", defendeu Sócrates, que tentou, em seguida, justificar as propostas de António Serrano: "O que o senhor ministro da Agricultura quis foi, naturalmente, dar uma palavra de grande preocupação por forma a que aquilo que é o papel social da propriedade da floresta seja ampliado, no sentido de que essa forma de propriedade deve reflectir aquilo que são as responsabilidades com o conjunto da sociedade".
"O comportamento negligente de um proprietário pode pôr em causa a segurança dos bens dos proprietários vizinhos e isso deve estar reflectido, também, na lei e na capacidade de aquilo que são os interesses públicos, os interesses colectivos, se fazerem reflectir na gestão privada das parcelas florestais", concluiu.
Mais de 68 mil hectares calcinados em 2010
Números publicados esta sexta-feira pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS, na sigla em Inglês) revelam que só este ano os incêndios já consumiram mais de 68 mil hectares em Portugal. Segundo os dados de satélite coligidos pelo organismo, o maior incêndio ocorrido em território português, desde o início de 2010, devastou 4.797 hectares na região de Dão e Lafões, numa área que inclui uma parte dos fogos que lavraram nos últimos dias em São Pedro do Sul.
O Sistema Europeu dá também destaque aos quatro incêndios que consumiram 9.475 hectares nas localidades de Girabolhos, São Romão, Vila Franca da Serra e Sandomil, em plena Serra da Estrela. Desde o início de Agosto, indicam ainda os números do EFFIS, houve registo de uma dezena de incêndios com áreas ardidas acima dos mil hectares.
A base de dados das autoridades portuguesas refere, provisoriamente, 8.753 ocorrências entre Janeiro e 31 de Julho - 1.390 fogos florestais e 7363 fogachos, que queimaram uma área total de 19.346 hectares. Em Portugal, cabe à Autoridade Florestal Nacional, tutelada pelo Ministério da Agricultura, a publicação periódica, a cada duas semanas, dos relatórios provisórios sobre incêndios e áreas ardidas no país.
Fonte: RTP
O combate aos incêndios que estão a assolar o país "é um trabalho de todos os portugueses". A afirmação é do Presidente da República, que interrompeu as férias para se dirigir à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil e sentar-se à mesa de uma reunião em que participaram José Sócrates e o ministro da Administração Interna, Rui Pereira.
No final do encontro, que se prolongou por duas horas, Cavaco Silva aproveitou a presença dos jornalistas para lançar um apelo ao país: "Dirijo-me aos portugueses para lhes pedir que tenham muito cuidado nos comportamentos de risco que podem provocar incêndios e que estejam alerta em relação a todos aqueles que ateiam incêndios e não deixem de comunicar às autoridades".
"É na prevenção que se prepara o combate aos incêndios e aí interessa melhorar os acessos, a gestão da floresta, o ordenamento da floresta, o acesso a pontos de água e, repito, isso é uma tarefa de todos nós", acrescentou o Presidente, que exortou também as populações a darem apoio aos bombeiros "que, no terreno, fazem tudo o que é possível, com um esforço tremendo, com um grande sacrifício, para proteger os cidadãos e os seus bens".
Dispositivo "tem respondido com uma boa capacidade"
No termo da reunião, Presidente e primeiro-ministro acertaram o tom dos discursos para traçarem uma avaliação positiva da resposta dada até ao momento. Cavaco Silva começou por salientar que os meios têm estado submetidos "a uma grande pressão". Ainda assim, salientou o Presidente da República, têm "respondido com uma boa capacidade".
"Os bombeiros, homens e mulheres, com grande sacrifício têm feito um trabalho extraordinário para proteger os cidadãos, para defender os seus bens. Neste período de Agosto, já três bombeiros perderam a vida, dois deles em combate directo aos fogos. Três ficaram duramente feridos. E eu quero aqui enviar as condolências às corporações e aos familiares desses bombeiros que perderam a vida por esta missão nobre que desempenham de combate", sublinhou Cavaco, lembrando as mortes do subchefe dos Bombeiros de Alcobaça João Pombo e da operacional Cristiana Josefa Santos, dos Bombeiros Voluntários de Lourosa.
Sócrates disse, por seu turno, ter saído da reunião desta sexta-feira com uma "ideia muito tranquilizadora" da capacidade de resposta aos incêndios. A "capacidade operacional do país", afirmou o primeiro-ministro, "é muito boa para responder ao desafio que nos é colocado por estes dias anormalmente gravosos para a ocorrência de incêndios". "Nós tivemos condições meteorológicas muito adversas, como já não se verificavam há uns anos atrás, e também um grande número de ignições, isto é, de começo de incêndios um pouco por todo o país. E foi possível responder e apagar esses fogos, embora alguns deles, pelo facto de serem muitos, tenham passado de um dia para o outro e tenhamos tido mais dificuldade", sustentou.
"Interesses colectivos" reflectidos na "gestão privada"
Confrontado com as críticas de toda a Oposição às ideias defendidas nos últimos dias pelo ministro da Agricultura, que admitiu a possibilidade de o Estado vir a expropriar terras ao abandono, José Sócrates colocou a ênfase na prevenção, que descreveu como "um trabalho sem fim".
"Julgo que o mais importante neste momento é que tem havido uma evolução muito positiva relativamente às obrigações de cada um, mas ninguém pode esquecer que, ao ser proprietário de uma área florestal, tem também um dever e uma responsabilidade com o conjunto da floresta e por isso essas atitudes às vezes muito negligentes podem prejudicar o país", sublinhou o primeiro-ministro.
"Estou convencido que as nossas leis devem reflectir, cada vez mais, essas obrigações para a sociedade por parte dos proprietários de terrenos", defendeu Sócrates, que tentou, em seguida, justificar as propostas de António Serrano: "O que o senhor ministro da Agricultura quis foi, naturalmente, dar uma palavra de grande preocupação por forma a que aquilo que é o papel social da propriedade da floresta seja ampliado, no sentido de que essa forma de propriedade deve reflectir aquilo que são as responsabilidades com o conjunto da sociedade".
"O comportamento negligente de um proprietário pode pôr em causa a segurança dos bens dos proprietários vizinhos e isso deve estar reflectido, também, na lei e na capacidade de aquilo que são os interesses públicos, os interesses colectivos, se fazerem reflectir na gestão privada das parcelas florestais", concluiu.
Mais de 68 mil hectares calcinados em 2010
Números publicados esta sexta-feira pelo Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS, na sigla em Inglês) revelam que só este ano os incêndios já consumiram mais de 68 mil hectares em Portugal. Segundo os dados de satélite coligidos pelo organismo, o maior incêndio ocorrido em território português, desde o início de 2010, devastou 4.797 hectares na região de Dão e Lafões, numa área que inclui uma parte dos fogos que lavraram nos últimos dias em São Pedro do Sul.
O Sistema Europeu dá também destaque aos quatro incêndios que consumiram 9.475 hectares nas localidades de Girabolhos, São Romão, Vila Franca da Serra e Sandomil, em plena Serra da Estrela. Desde o início de Agosto, indicam ainda os números do EFFIS, houve registo de uma dezena de incêndios com áreas ardidas acima dos mil hectares.
A base de dados das autoridades portuguesas refere, provisoriamente, 8.753 ocorrências entre Janeiro e 31 de Julho - 1.390 fogos florestais e 7363 fogachos, que queimaram uma área total de 19.346 hectares. Em Portugal, cabe à Autoridade Florestal Nacional, tutelada pelo Ministério da Agricultura, a publicação periódica, a cada duas semanas, dos relatórios provisórios sobre incêndios e áreas ardidas no país.
Fonte: RTP