terça-feira, 3 de agosto de 2010

Foi o Julho com mais fogos dos últimos cinco anos

5524 fizeram do mês passado o pior desde 2005. Área ardida também deve ser superior à registada em igual período de 2009.

Os incêndios em Julho foram o dobro dos registados no mesmo mês no ano passado: 5524. Desde 2005 que o número de fogos não era tão alto neste mês. A Autoridade Florestal Nacional (AFN) ainda não divulgou o relatório mensal sobre a área ardida, mas na primeira quinzena já tinha sido queimada um terço da área registada no mesmo mês do ano passado. Falta fazer o levantamento das zonas ardidas na segunda quinzena.
Os dados já divulgados pela AFN na primeira quinzena de Julho registaram-se 1616 incêndios enquanto os números da Protecção Civil (ANPC) relativos à segunda quinzena, e que são disponibilizados diariamente no sítio da Internet, somam 3908 ocorrências, o que dá um total de 5524 fogos registados em Julho, mais do dobro que os 2173 fogos de Julho do ano passado.
Um crescimento que se fica a dever sobretudo ao aumento das chamas na segunda quinzena do mês, quando começou a vaga de calor em que se registaram 3908 incêndios . Em três dias apenas, de 26 a 28 de Julho, concentraram-se 20% dos fogos registados: 1294. "O dia 27 foi mesmo aquele com maior número de fogos dos últimos cinco anos", revela a ANPC.
Se olharmos à média de incêndios em Julho entre os anos de 1999 e 2008 os números - que hoje serão oficialmente divulgados pela Protecção Civil em conferência de imprensa - continuam negros. A média daqueles anos foi de 5010, mas no passado mês de Junho houve 5424 incêndios. É preciso recuar a 2005 para encontrar um ano tão mau.
Quanto à área ardida ainda só está apurada a primeira quinzena mas os números da AFN contabilizam já 847 hectares queimados, dos quais 452 de floresta e 394 de mato. Números que representam um terço da área ardida em Julho do ano passado quando as chamas consumiram 3335 hectares, dos quais 1037 de floresta e 2298 de mato. Apesar de o levantamento da área ardida nos últimos quinze dias de Julho ainda estar por divulgar, é "expectável um aumento" em relação ao ano passado, disse ao DN fonte da AFN. Foi nesta quinzena que se deram os maiores fogos nos distritos de Viseu, Aveiro e Viana do Castelo, os mais fustigados e que representam "o grosso da área ardida", conclui.
Além da vaga de calor outros problemas dificultaram o combate às chamas em Julho: os bombeiros denunciam que 2000 viaturas de combate aos fogos estão obsoletas, que há deficiências nos serviços de apoio aos homens no terreno, cansaço dos operacionais, equipamento de prevenção arrumado nas juntas de freguesia e inexistência de vigilância aérea.
No primeiro dia do mês registaram-se 295 fogos e ao final da tarde de ontem a ANPC contabilizava 222 incêndios, o mais grave dos quais em Sernancelhe.
O fogo obrigou à mobilização de dois aviões Canadair e vários operacionais. Ao inicio das noite estavam no local 60 bombeiros apoiados por 19 viaturas e o fogo não estava circunscrito. No distrito de Viana do Castelo as chamas consumiram floresta em Arcos de Valdevez, no Parque Nacional Peneda Gerês.



Fonte: DN