Agosto já conta com mais de 2500 fogos florestais. Em sete dias. Ontem, foram 388. Mas, apesar da onda de calor, não há grandes alastramentos. Porque a primeira intervenção está a funcionar, garantem bombeiros e ambientalistas. Só não funciona a prevenção.
Às 20 horas de ontem, a Autoridade Nacional de Protecção tinha contabilizado 388 fogos florestais durante o dia. Desses, 43 estavam activos. Os de maiores dimensões lavravam em S. Pedro do Sul, com feridos, e em Ceiras, Pombal, com casas evacuadas.
Os números são grandes, mas não parecem assustar ninguém. Na sexta-feira, dia mais negro da semana, foram 433 os fogos. Desde o dia 1, eram 2546. Nos sete dias anteriores, tinham sido registadas 2621 ocorrências. Mas só dois incêndios se prolongaram por mais de dois dias, ao contrário do inferno que o país viveu em 2003 e 2005. E isto apesar de estarem a ser batidos recordes de temperaturas elevadas.
Porquê? Porque as lições daqueles verões foram aprendidas, acreditam os bombeiros. E a intervenção primária parece estar a funcionar. "A média entre o alerta e a chegada ao local do incêndio para a primeira intervenção teve uma redução em tempo que faz toda a diferença", garante Duarte Caldeira, da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). "Se nada tivesse sido feito, teríamos todas as condições para repetir as catástrofes de 2003 e 2005": altas temperaturas, ventos fortes, baixa humidade e a sempiterna falta de limpeza das matas.
O que se fez foi a criação de uma actuação conjunta, que reúne o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR, a força especial de bombeiros "Canarinhos" (sob tutela da Protecção Civil) e equipas de primeira intervenção, com bombeiros profissionalizados, que existem em quase todas as corporações. Há mais brigadas no terreno, mais pessoal especializado e mais formação direccionada, esforço reconhecido, em declarações à Lusa, por Joaquim Sande Silva, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Ainda assim, há incêndios aos milhares. Porque falha a prevenção, mesmo quando um Inverno mais chuvoso gera mais material inflamável, como aconteceu este ano. A Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil aponta o dedo às autarquias, responsáveis por limpar terrenos comuns e fazer cumprir a lei junto dos proprietários, em termos de limpeza nos 50 metros junto a habitações. Ricardo Ribeiro defende campanhas de sensibilização ao longo do ano, até porque as limpezas de matas devem arrancar no final do Inverno. "É importante explicar às pessoas que não se pode acumular lixo nas florestas , que não se deve atirar beatas pela janela, que não se deve fazer fogueiras, lançar foguetes".
Paralelamente, a associação pede mais aceiros nas matas, para facilitar o acesso dos bombeiros, e um sistema de vigilância mais eficaz do que os actuais 236 postos de vigia da GNR.
A LPN também critica a falta de prevenção. E de punição para quem transgride com fogueiras, beatas e foguetes em alturas de risco. E para quem não limpa terrenos. "Apesar da criação das zonas de intervenção florestal e da existência de um Fundo Florestal Permanente para que as Câmaras ponham os organismos técnicos florestais a fazer planos de ordenamento e de prevenção de incêndios, nada disto está a funcionar no terreno e o que presenciamos é uma escalada quase galopante da matéria combustível", acusa Joaquim Sande Silva.
Fonte: JN
Às 20 horas de ontem, a Autoridade Nacional de Protecção tinha contabilizado 388 fogos florestais durante o dia. Desses, 43 estavam activos. Os de maiores dimensões lavravam em S. Pedro do Sul, com feridos, e em Ceiras, Pombal, com casas evacuadas.
Os números são grandes, mas não parecem assustar ninguém. Na sexta-feira, dia mais negro da semana, foram 433 os fogos. Desde o dia 1, eram 2546. Nos sete dias anteriores, tinham sido registadas 2621 ocorrências. Mas só dois incêndios se prolongaram por mais de dois dias, ao contrário do inferno que o país viveu em 2003 e 2005. E isto apesar de estarem a ser batidos recordes de temperaturas elevadas.
Porquê? Porque as lições daqueles verões foram aprendidas, acreditam os bombeiros. E a intervenção primária parece estar a funcionar. "A média entre o alerta e a chegada ao local do incêndio para a primeira intervenção teve uma redução em tempo que faz toda a diferença", garante Duarte Caldeira, da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). "Se nada tivesse sido feito, teríamos todas as condições para repetir as catástrofes de 2003 e 2005": altas temperaturas, ventos fortes, baixa humidade e a sempiterna falta de limpeza das matas.
O que se fez foi a criação de uma actuação conjunta, que reúne o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR, a força especial de bombeiros "Canarinhos" (sob tutela da Protecção Civil) e equipas de primeira intervenção, com bombeiros profissionalizados, que existem em quase todas as corporações. Há mais brigadas no terreno, mais pessoal especializado e mais formação direccionada, esforço reconhecido, em declarações à Lusa, por Joaquim Sande Silva, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Ainda assim, há incêndios aos milhares. Porque falha a prevenção, mesmo quando um Inverno mais chuvoso gera mais material inflamável, como aconteceu este ano. A Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil aponta o dedo às autarquias, responsáveis por limpar terrenos comuns e fazer cumprir a lei junto dos proprietários, em termos de limpeza nos 50 metros junto a habitações. Ricardo Ribeiro defende campanhas de sensibilização ao longo do ano, até porque as limpezas de matas devem arrancar no final do Inverno. "É importante explicar às pessoas que não se pode acumular lixo nas florestas , que não se deve atirar beatas pela janela, que não se deve fazer fogueiras, lançar foguetes".
Paralelamente, a associação pede mais aceiros nas matas, para facilitar o acesso dos bombeiros, e um sistema de vigilância mais eficaz do que os actuais 236 postos de vigia da GNR.
A LPN também critica a falta de prevenção. E de punição para quem transgride com fogueiras, beatas e foguetes em alturas de risco. E para quem não limpa terrenos. "Apesar da criação das zonas de intervenção florestal e da existência de um Fundo Florestal Permanente para que as Câmaras ponham os organismos técnicos florestais a fazer planos de ordenamento e de prevenção de incêndios, nada disto está a funcionar no terreno e o que presenciamos é uma escalada quase galopante da matéria combustível", acusa Joaquim Sande Silva.
Fonte: JN