quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mais de um terço dos incêndios começam durante a noite


Dados da Protecção Civil provam que a maioria dos fogos florestais tem causas humanas.


Cerca de um terço dos incêndios florestais deflagram entre as oito da noite e as oito da manhã. O dado foi avançado ao DN pelo comandante nacional operacional da Protecção Civil e prova que a maioria das ignições não é acidental, mas tem uma causa humana, seja ela negligente ou intencional. Ontem, o dia voltou a ser complicado para as centenas de bombeiros que combateram mais de 300 fogos no Norte e Centro do País.

"Nos últimos quatro anos, 25% a 35% dos fogos têm começado durante a noite", afirmou Gil Martins, sublinhando que o problema tem vindo a agravar-se. Dados do distrito de Braga deste Verão, comprovam-no: em Julho, 40% das ignições começaram à noite. Segundo o último relatório da Autoridade Florestal Nacional, até 31 de Julho, esse distrito foi o terceiro com mais ocorrências (1048) e mais área ardida (2572 hectares).

Na opinião do responsável da Autoridade Nacional de Protecção Civil, o aumento das ocorrências durante a noite justifica-se pela melhor resposta que o dispositivo de combate tem demonstrado durante o dia. "Quem pega fogo já percebeu que durante o dia o combate inicial é rápido e capaz de conter o fogo. À noite, não há meios aéreos", explica Gil Martins.

Em causa não estão só os fogos ateados por incendiários mas também os desencadeados sem intenção. Por exemplo, através de queimadas, fogueiras ou foguetes. Contudo, lembra o comandante nacional, no Verão estão proibidas todas as utilizações do fogo e a negligência também é crime. Segundo a GNR, entidade que apura as causas, metade das ignições tem origem em actos negligentes.

Este ano já foram registadas 8753 ocorrências, das quais 1390 resultaram em incêndios e outras 7363 não passaram de fogachos. A área ardida é de 19 mil hectares.

Ontem, o número de fogos não foi tão elevado como no dia anterior, mas as altas temperaturas voltaram a causar problemas. Ao final do dia, havia 27 incêndios em curso, onze de grande dimensão. O mais complicado foi o de Rio de Moinhos, em Arcos de Valdevez, a arder desde terça-feira e que contava com 152 pessoas e 25 viaturas. Foi dominado ao início da noite.

Fonte: DN