Mais de 400 bombeiros combatiam os fogos em S. Pedro do Sul. Nem a chuva trouxe trégua das chamas.
Só numa semana, as chamas já consumiram pelo menos dez mil hectares de floresta e mato. Metade deles no concelho de S. Pedro do Sul, onde ontem à noite, e depois de mais um dia muito duro, 440 bombeiros lutavam ainda contra quatro frentes de fogo, activas pelo terceiro dia consecutivo. Mais a norte, mas no mesmo distrito de Viseu, ao fim do dia, outro fogo estava às portas da vila de Tabuaço, ameaçando as populações e fazendo antever uma noite difícil.
Em todo o País, houve mais de 400 fogos. E 26 incêndios que ardiam ao final do dia, dos quais 12 de grandes dimensões, mobilizavam quase mil operacionais, entre bombeiros, militares da GNR, sapadores florestais e outros agentes da Protecção Civil. Muitos meios aéreos estiveram a operar durante todo o dia. Só em S. Pedro do Sul foram nove, entre os quais dois Canadair espanhóis que vieram ontem auxiliar o combate às chamas.
Foi aí que se viveram as horas mais complicadas do dia, com o fogo a ameaçar localidades e a obrigar à evacuação da aldeia de Carvalhais e dos participantes no festival Andanças. Operação que retirou a localidade cerca de 300 pessoas (ver texto ao lado) e originou alguma confusão. Nalgumas zonas foram mesmo os populares que fizeram frente ao avanço das chamas.
Em Pombal, o fogo também causou muita preocupação e levou ao terreno mais de uma centena de operacionais.
Mais a norte, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, os incêndios que lavraram nos dias anteriores reacenderam-se devido à mudança de ventos e ao final do dia ainda fustigavam os concelhos de Terras de Bouro e Arcos de Valdevez. O distrito de Viana do Castelo era, assim, o segundo mais afectado.
Na primeira semana deste mês, a Autoridade Nacional de Protecção Civil registou 2635 incêndios dos quais 27 são responsáveis já por 4726 hectares de área ardida, segundo o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais. A este dado, falta somar a cifra negra de Santa Cruz da Trapa, o maior do ano, e que destruiu grande parte da área florestal do concelho de S. Pedro do Sul, e cuja área ardida ultrapassa os cinco mil hectares.
No total, nos primeiros sete dias de Agosto terá ardido um terço de toda a área consumida pelas chamas em Agosto do ano passado.
Ontem, a meteorologia deu entretanto uma ajuda aos bombeiros com a subida dos índices de humidade relativa, o que fez baixar o risco de incêndio.
O concelho de S. Pedro do Sul foi visitado pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, e pelo governador civil de Viseu, Miguel Ginestal, que prometeu uma "avaliação dos prejuízos individuais das pessoas".
Miguel Ginestal garantiu que "serão procuradas formas de ajudar as pessoas". O ministro Rui Pereira apelou a "um comportamento mais cuidadoso de todos", lembrando que "há fogos a deflagrar mesmo à noite, o que demonstra a intervenção humana".
Para hoje, o Instituto de Meteorologia prevê uma descida das temperaturas, no interior norte e centro, e há mesmo a possibilidade de queda de aguaceiros. Condições que "farão subir os níveis de humidade relativa e baixar as condições favoráveis para o eclodir de incêndios", vincou a Protecção Civil, que suspende o alerta amarelo.
Fonte: DN
